André Ventura acredita que foram Cavaco Silva e Luís Marques Mendes que forçaram Luís Montenegro a dizer “não é não” ao Chega quanto a acordos de governo ou governação.

“Tenho a minha convicção. Cavaco Silva e Marques Mendes”, aponta o presidente do Chega quando questionado, em entrevista ao Observador, sobre se o “não é não” terá sido imposto por figuras do PSD.

Para o líder do partido de extrema-direita, Montenegro poderá ter sido inspirado por Cavaco Silva e Luís Marques Mendes.

“Acho que Luís Montenegro se enredou num circuito autoisolado e que assumirá essas consequências. Se esse autocircuito surgiu porque outros o impuseram ou porque ele sente mesmo que é o caminho a fazer, se está a ser inspirado por Cavaco Silva e Cavaco Silva acha que é isto que ele deve fazer… Bom, ele entenderá se acha que alguém que governou o país nos anos 80 tem o melhor conselho para lhe dar”, revelou, acrescentando que “Luís Montenegro não devia seguir este caminho, mas não lhe vou dar conselhos sobre isso”.

“Ele é líder de um partido, como eu, tem o caminho que quer fazer. Em 2024, ter como modelo alguém que governou nos anos 80, não costuma dar bom resultado. Acho que pode haver essas influências. De Marques Mendes, é evidente. Parece-me notório”, acrescentou.

Para André Ventura, o PSD está a aproximar-se cada vez mais do PS, trajeto que já se tinha iniciado durante a liderança de Rui Rio.

“Para sermos justos, com Rui Rio o PSD já tinha começado a sua trajetória de aproximação ao PS. Não foi agora. Rui Rio, sejamos justos também, não precisou de se rodear destas pessoas todas para legitimar a sua posição política. Não precisou de andar atrás de Manuela Ferreira Leite, de Cavaco Silva, de Durão Barroso. Só faltou ao PSD ir buscar os mortos, mesmo, porque já não havia mais ninguém”, comentou, na mesma entrevista. “Há ali um PSD que se quer libertar e um PSD dominante que se quer manter na lógica dos anos 80. E por isso é que se calhar não atrai os jovens”, acrescentou.