No inicio do discurso, o Presidente da República, que interveio pela nona vez no aniversário do 25 de Abril, referiu que olhou para a Assembleia e ter constatado que poucos são os que se lembram que estiveram na constituinte. “É a lei da vida”, disse.

“O mundo e Portugal mudaram”, mas, ainda assim, defendeu, Abril é uma data esmagadoramente consensual, e que por isso  há um “valor que nunca se apagou” que se chama “liberdade”.

“Ninguém quer trocar uma democracia mesmo que imperfeita por uma ditadura, ainda que sedutora”, sublinhou.

O Presidente concluiu que o 25 de abril não tem comparação com qualquer outra revolução. “Nenhuma outra revolução ou golpe militar foram comparáveis na nossa história comteporânea”, disse.

Evocando a história recente europeia, lembrou que nenhum outro regime teve de lidar com processos de descolonização, democratização, integração europeia e quatro mudanças de regime económico ao mesmo tempo. E por isso concluiu que seria “injusto comparar o incomparável” e “esquecer os custos globais daquilo que vivemos e da revolução que só aconteceu porque a ditadura não soube ou não quis fazer uma transição”.

O Presidente da República não respondeu, na intervenção com que encerrou a sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, aos ataques que lhe foram desferidos por André Ventura, Rui Rocha e Paulo Núncio nos minutos anteriores. Sem qualquer menção às reparações que defendeu na terça-feira deverem ser pagas por Portugal às suas antigas colónias, Marcelo falou apenas do “fim do Império que durou cinco séculos” como uma das consequência da revolução que está a ser celebrada na Assembleia da República. Num longo discurso, em que enumerou os três ciclos “muito diversos” que marcaram as últimas cinco décadas, o Chefe de Estado homenageou alguns dos presentes na cerimónia, como os ex-Presidentes da República Ramalho Eanes e Cavaco Silva, mas também muitos dos que já não estão vivos, desde Mário Soares a Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Freitas do Amaral e Jorge Sampaio.

Sobre o 25 de Abril de 1974, salientou que “nenhuma outra revolução ou golpe militar são comparáveis” na História de Portugal e que “nenhum outro império europeu moderno” enfrentou o mesmo tipo de circunstâncias em tão pouco tempo. “A Revolução só existiu porque a ditadura não soube ou não quis fazer uma transição como a da vizinha Espanha”, disse o Chefe de Estado, sublinhando que “preferimos sempre a democracia, mesmo que imperfeita, à ditadura”