Marcelo Rebelo de Sousa considera que Luís Montenegro é uma pessoa “completamente independente, não influenciável e improvisador” e bastante diferente de António Costa, que era “lento, gostava de informar, acompanhar e entregar”, relata o Correio Braziliense, que esteve num encontro com o Presidente da República e outros jornalistas estrangeiros, esta semana.

Além de “independente” e “não influenciável”, Marcelo descreve o primeiro-ministro como sendo “muito curioso, difícil de entender” por causa das suas origens de “um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais”.

“Ele é uma pessoa que vem de um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais. É muito curioso, difícil de entender, precisamente por causa disso. Agora, é completamente independente, não influenciável e improvisador”, considerou o Presidente da República.

Esta capacidade de Luís Montenegro de improvisar difere, no entender de Marcelo, do estilo de António Costa, que, “por ser oriental, era lento, gostava de informar, acompanhar e entregar”.

“António Costa era lento, por ser oriental. Montenegro não é oriental, mas é lento, tem o tempo do país rural, embora urbanizado”, prosseguiu Marcelo. “Faz-me lembrar o antigo PSD, que era isso. O PS era Lisboa, a grande Lisboa, as áreas metropolitanas, e o PSD era o resto do país, sobretudo o Norte e o Centro-Norte”, acrescentou.

Este estilo de Luís Montenegro acaba por apanhar Marcelo desprevenido: “Todos os dias, tenho surpresas, porque é imaginativo e tem um lógica de raciocínio como sendo de um país tradicional”.

“É estimulante, mas, para mim, dá muito trabalho”, sublinhou, por ser mais difícil prever se esse tipo de comportamento dará os frutos desejados.

Exemplo disso foi o processo de formação do Governo e, mais recentemente, da apresentação dos candidatos às Eleições Europeias, de 9 de junho.

“Formou um governo de forma impensável. Só começou a convidar os ministros na manhã do dia de me entregar a lista. Um risco. Foi tão sigiloso que nenhum deles sabia do outro. Só se encontraram no dia da [tomada de] posse”, relevou.

Quanto aos candidatos para as Europeias, Montenegro também apanhou Marcelo de surpresa, ao escolher Sebastião Bugalho, em vez de Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, que o próprio Presidente da República dava como certo: “Foi totalmente um improviso, um segredo até o fim”. Por ter este estilo “muito, muito, muito sigiloso”, Marcelo acredita que Montenegro continuará a surgir com improvisos e surpresas.

“É um grande orador, mas é um político à moda antiga, não é um político ao estilo do ex-primeiro-ministro, António Costa, e muito menos ao estilo de partidos populistas. Vamos ver se conseguirá controlar o tempo, compatibilizá-lo com o governo, em meio à polarização”, comentou.

Apesar de ser um “grande orador”, Marcelo considera que, quando Montenegro “acredita que é um erro falar, prefere o silêncio. Por isso, vai virar um político do silêncio”, que fará uma “gestão do silêncio”

“Há, também, o efeito surpresa. Quando esperam que ele faça algo, faz uma coisa diferente, ou no tempo ou na ideia”, termina.