Cavaco Silva defende que “o que distingue a família social-democrata, os militantes e simpatizantes do partido, não é a origem das suas raízes, o continente ou as ilhas, o campo ou a cidade, a vila ou a aldeia, o interior ou o litoral, a planície ou a serra”, mas sim o “interclassismo” de quem faz parte do PSD.

As palavras do antigo Presidente da República, retiradas de uma entrevista ao Público a propósito dos 50 anos do PSD, surgem como resposta às utilizadas por Marcelo Rebelo de Sousa para descrever Luís Montenegro, alguém que, segundo o atual chefe do Estado, “vem de um país profundo, urbano-rural, urbano com comportamentos rurais”, indicando que o primeiro-ministro tem uma ligação ao “PSD profundo, que é um PSD de base rural-urbana”.

“O que distingue a face humana do partido é o interclassismo. Nele se juntam, em defesa dos princípios e valores da social-democracia, operários, trabalhadores rurais, pescadores, empresários, agricultores, comerciantes, funcionários públicos, de instituições sociais e do sector privado, artistas, cientistas, profissionais liberais, jovens e idosos, numa convergência de ideias sobre o futuro de Portugal e na esperança de concretização dos seus sonhos pessoais”, descreveu Cavaco Silva.

Cavaco recordou ainda que a “primeira sessão de esclarecimento” que fez sobre o projeto social-democrata, “a pedido da direção do partido, foi para uma assistência de pequenos comerciantes de Lisboa numa sala no Largo do Rato”.

Recorde-se que Marcelo considera que Luís Montenegro é uma pessoa “completamente diferente” de António Costa, uma vez que “vem de um país profundo, urbano-rural, urbano com comportamentos rurais”.