Foram conhecidos nesta terça-feira, 2 de abril, no Coliseu dos Recreios os 50 nomeados para a 6.ª edição dos PLAY – Prémios da Música Portuguesa, que se destina a “celebrar e promover” a música portuguesa e lusófona.

“Os prémios significam a consagração da música portuguesa”, explica ao NOVO Paulo Carvalho, diretor-geral do evento, que aponta Portugal como um país que tem dificuldade em “premiar-se” a si próprio. “É uma questão de autoestima, mas também é uma questão, diria, factual. Nós estamos a produzir muita música boa, em quantidade e em qualidade.”

Reforça que os prémios representam apenas uma “pequena amostra” dos milhares de artistas talentosos em Portugal, que têm vindo a ser cada vez mais reconhecidos principalmente dentro do país, com os números de consumo da música portuguesa a aumentar muito em Portugal, em referência aos 42% de acréscimo na audição de música portuguesa no Spotify, principal plataforma de streaming em Portugal, entre 2022 e 2023. “As pessoas já perceberam que o que se faz em Portugal é muito bom e que, comparado com o que vem do estrangeiro, nem é melhor nem é pior. É igual, é bom e é de consumir”, afirma o diretor-geral.

Os vencedores de cada categoria serão anunciados no dia 16 de maio, numa gala a decorrer no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Será transmitida em direto pela RTP1, RTP África, RTP Internacional, RTP Play e Antena1.

Filomena Cautela e Inês Lopes Gonçalves estarão a cargo da apresentação da cerimónia, que contará também com dois repórteres digitais na passadeira vermelha: Alexandre Guimarães e Catarina Moreira.

“Os prémios PLAY são um momento do ano importante. São o encontro dos músicos, dos cantores, dos agentes, dos produtores e das bandas aqui no Coliseu. E são mais do que isso: é uma noite em que tentamos que o melhor da música portuguesa esteja aqui”, acentua Filomena Cautela ao NOVO. Assinala ainda que “é o único evento em que isto acontece, em que se tem tantos géneros musicais diferentes na mesma sala”.

Uma das novidades deste ano é a adição de mais uma categoria, a de Música Ligeira e Popular. Paulo Carvalho explica a decisão: “É um tipo de música que prolifera pelo nosso país inteiro. Não há festa onde a música ligeira e popular não esteja presente. Há, às vezes, alguns preconceitos em relação a essa música e nós quisemos quebrar esse preconceito e mostrar que, de facto, todas as músicas têm um lugar na música portuguesa.”

Assim, ao todo, somam-se 14 categorias, que misturam tanto géneros como o jazz, fado e música clássica/erudita, quanto pop e hip hop. A este propósito, o diretor-geral sublinha que a génese da premiação foi logo orientada pelo princípio de serem “o mais abrangente possível”, com especial atenção para o que é a cultura portuguesa e a sua diversidade.

Este ano, Pedro Mafama e Slow J destacam-se com mais nomeações, seguidos de artistas como Bárbara Bandeira, Carminho, Expresso Transatlântico, Ivandro e T-Rex.

Para Artista Revelação concorrem os artistas Ana Lua Caiano, Expresso Transatlântico, JÜRA e LEO2745.

Os dois primeiros nomeados afirmam que não costumam contar com estes resultados ao prepararem as canções, mas que o reconhecimento é sempre positivo e importante. “Dá força para continuar”, sublinha Ana Lua Caiano ao NOVO, acrescentando que pretende continuar a tocar e a escrever. A cantautora quer também “festejar” o seu novo álbum, Vou ficar neste quadrado, que contará com apresentações em Portugal e no estrangeiro.

O rapper LEO 2745, por sua vez, mostra-se supreendido e grato pela distinção. Revela ainda ao NOVO que está trabalhar em um álbum novo, ainda sem data para lançamento, mas que se trata de um “projeto bonito” e que comporta muitos temas. “Não me quero comprometer já, mas garanto que vem este ano”, assegura o artista.

As candidaturas para esta categoria foram sujeitas a candidaturas por parte de artistas e editoras, sendo que todo o processo de candidaturas, nomeações e seleção de vencedores é auditado pela PwC.

Já o grupo Expresso Transatlântico reconhece o momento de partilha referido por Filomena Cautela: “É bom estarmos todos juntos assim, nestes espaços, para nos conhecermos melhor, e é das únicas oportunidades que nós temos, na verdade”. “Fazem falta à indústria.”

JÜRA declarou ao NOVO que está animada para apresentar o seu álbum de estreia sortaminha, que chegará nesta primavera. A cantora e compositora crê que “valorizar a arte e os criadores é muito importante, ainda mais a música portuguesa, que finalmente está a ser mais ouvida cá”. Apesar de realçar que “o mundo é de todos e isso também é bom”, revela-se contente pelo facto dos portugueses estarem a “olhar mais para dentro”.

Ainda assim, Filomena Cautela considera que há pouca divulgação e, por vezes, pouco interesse e consumo do público relativamente à própria arte que é produzida no país. Reconhece que a música portuguesa está a crescer, mas chama de “parente pobre” artes como o teatro, a poesia, a literatura, o cinema. “Há muitos artistas portugueses em outras áreas da arte em Portugal que merecem muito mais atenção”.

“Se nós não estivermos a valorizar aquilo que é nosso, ninguém o vai fazer por nós”, diz, indicando esta distinção enquanto parte das iniciativas que têm esse objetivo. “Os PLAY estão na sexta edição, mas têm um longo caminho pela frente”, declara a apresentadora.

A Vodafone Portugal volta a ser o patrocinador principal do evento, promovidos também pela Audiogest e pela GDA.

Paulo Carvalho completa: “A música é uma linguagem universal e sem barreiras.” E  informa que os nomes das aguardadas atuações da gala de 16 de maio serão anunciadas mais perto da data. “Tentamos que sejam espetaculares”, promete o diretor-geral.

Editado por Bruno Pires