Um dia depois de Pedro Nuno Santos ter garantido que avançará com o novo aeroporto mesmo que não tenha o consenso com o PSD, foi a vez de o líder da AD vir confirmar o que na segunda-feira não fez no frente-a-frente televisivo com o secretário-geral do PS: que avançará também mesmo sem o apoio dos socialistas.

Luís Montenegro acusou esta terça-feira o Governo de “falta de coragem” para obrigar a concessionária ANA a fazer obras no atual aeroporto e assegurou que avançará rapidamente com uma nova solução, mesmo sem consenso com PS.

“O meu compromisso é, no início do Governo, pegarmos no resultado final – que ainda não foi entregue – da Comissão Técnica Independente e decidir. Nós vamos decidir, vamos tentar consensualizar com o PS, que será na altura o maior partido da oposição. Se não conseguirmos, nós avançaremos”, assegurou Montenegro, num almoço organizado pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP).

O líder da AD acusou ainda o atual Governo do PS e, em particular, o ex-ministro das Infraestruturas e atual líder do PS, Pedro Nuno Santos, de ter sido complacente com a empresa que gere os aeroportos, a ANA, recordando que o acordo assinado entre PSD e o executivo previa a realização de obras imediatas no atual aeroporto de Lisboa.

“Nós não rompemos o acordo por uma questão de responsabilidade nacional (…) A ANA está em falta e o Governo está em falta com o país porque não obrigou a ANA a cumprir aquilo a que estava obrigada”, disse.

E deixou ainda um recado para os que sugerem haver proximidade entre a atual direção do PSD e o presidente da ANA, o antigo dirigente social-democrata José Luís Arnaut. “Há até ai alguém que tenta dizer que há uma pessoa ligada ao PSD que está na ANA, a mim não me interessa nada, nem fala comigo. Façam as obras”, apelou.

Montenegro prometeu que, se for primeiro-ministro, irá revisitar o atual acordo de rendimentos, considerando que este foi assinado “num contexto de alguma coação sobre os parceiros sociais”, poucos dias antes da apresentação do Orçamento do Estado para 2023: “Ou assinam as coisas, ou terão dificuldades acrescidas”, sugeriu.