O secretário-geral do PS acusou esta sexta-feira o líder da AD de querer “desnatar” o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ao chamar para a solução da crise o sector privado, e Luís Montenegro reagiu de imediato acusando Pedro Nuno Santos de “hipocrisia brutal” ao fazer uma diabolização do privado quando o PS é o “maior amigo” dele.
No primeiro frente-a-frente televisivo durante o período da pré-campanha, em que até Passos Coelho e José Sócrates foram chamados ao debate, a área da saúde foi uma das mais quentes do duelo. Cada um acusou o ser adversário com os respectivos anteriores governos, com Pedro Nuno Santos a criticar a gestão da saúde feita no tempo de Passos Coelho e Luís Montenegro a dizer que Pedro Nuno Santos não usou a sua “influência” quando fez parte dos governos de António Costa para melhorar o SNS, acusando o candidato socialista de usar apenas da retórica.
Pedro Nuno Santos, por sua vez, acusou a AD de querer “desnatar” o SNS e de causar o seu “definhamento” ao dizer que vai recorrer ao serviço privado e social e que trará de novos as parcerias público-privadas. “Quando colocamos os recursos nas mãos de terceiros temos mais dificuldades em gerir”, atirou o secretário-geral do PS, acusando Luís Montenegro de estar a degradar a “imagem do SNS”. Sempre a interromperem-se um ao outro, num duelo vivo, o líder da AD acusou Pedro Nuno Santos de “hipocrisia brutal” ao fazer “uma diabolização do privado quando são os melhores amigos dele”. Pedro Nuno Santos não gostou da acusação, disse não ter dogmas, mas garantiu que , se ganhar as eleições, preferirá “dar mais autonomia às administrações hospitalares públicas” e usar os recursos do Estado no SNS. “Porque é que não o fizeram em oito anos?”, confrontou Luís Montenegro, que esteve todo o debate a colar Pedro Nuno Santos à governação de António Costa, lembrando que “o fazedor” teve a oportunidade de ter usado a sua “influência” nos conselhos de ministros e não o fez.
Nesta troca de acusações, os nomes de Pedro Passos Coelho de de José Sócrates acabaram por ser chamados ao duelo. Pedro Nuno Santos disparou: “Não é por acaso que Pedro Passos Coelho não aparece na campanha da AD”. Luís Montenegro respondeu ao mesmo nível: “José Sócrates também estará ao seu lado”. O secretário-geral do PS acusou Luís Montenegro de não ter convidado Passos Coelho para a Convenção da AD e o líder da coligação perguntou a Pedro Nuno Santos se tinha convidado Sócrates para o seu congresso.