São muito menos procurados pelo Estado para resolver os enormes atrasos em cirurgias, mas muito mais vistos como solução pelos portugueses. No ano passado, nasceram mais de 14 mil bebés em hospitais privados e foram atendidos cerca de 3.900 utentes por dia em episódios de urgência, mais 4,5% do que no ano anterior, somando um total de perto de 1,5 milhões de episódios urgentes que traduz um aumento da atividade da hospitalização privada. “O trabalho desenvolvido ao longo de 2023 pelos hospitais privados voltou a reforçar a  importância destes prestadores no alargamento dos cuidados de saúde a todos os cidadãos”, entende Óscar Gaspar, presidente da Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP).

Com o caos que se espalhou pelo Serviço Nacional de Saúde e os fortes constrangimentos nomeadamente nos serviços de obstetrícia e maternidade, os portugueses têm optado cada vez mais pelos serviços de saúde privados – o que aliás tem tido efeito na subida do universo de famílias com seguros de saúde: são já mais de um terço os portugueses que os contratam e, segundo números recentemente divulgados pelo Dinheiro Vivo, essas necessidades também tiveram reflexo nos créditos, com a saúde a pesar mais no endividamento das famílias.

A verdade é que o privado é cada vez mais a solução para muitas famílias e os números refletem essa realidade, da mesma forma como os hospitais privados, cada vez mais procurados, têm investido fortemente para dar resposta adequada à procura crescente. Só no ano passado, foram investidos 164 milhões de euros não apenas em novas unidades de saúde, mas também em novos equipamentos e no reforço da capacidade instalada, com mais 101 TAC, 99 equipamentos de Ressonância Magnética, 570 equipamentos de Ecografia e mais de 260 RX, segundo os números divulgados pela APHP.

“O sistema nacional de saúde sai claramente reforçado por este esforço”, considera Óscar Gaspar, lembrando que “a saúde dos portugueses — importante indicador de desenvolvimento humano —, beneficia deste crescimento que tem acontecido todos os anos e que é sustentado por investimento privado robusto”.

“No ano passado, houve um importante aumento de diferenciação nos cuidados de saúde prestados”, revela a associação que representa os hospitais privados em Portugal, apontando que estas unidades acompanharam em tratamento mais de 26 mil doentes oncológicos e mais de 316 mil pacientes em medicina dentária, tendo ainda sido atendidos em consultas de especialidade 25 mil pacientes por dia — mais de 9 milhões 310 mil durante o ano. No que respeita a cirurgias, somam-se 257 mil intervenções cumpridas em 2023, “um crescimento substancial da atividade, apesar de as cirurgias SIGIC terem caído 30% nos últimos anos e de os hospitais privados serem cada vez menos solicitados para colaborarem na recuperação das listas de espera cirúrgicas”, lamenta a organização.

O número de partos também cresceu, com 17,5% dos bebés a nascer no país no último ano em hospitais privados (14.101 partos), e a procura de meios de diagnóstico aumentou, com mais 7,4% de TAC feitas em privados e mais 11,6% de ressonâncias magnéticas.

“O trabalho desenvolvido ao longo de 2023 pelos hospitais privados voltou a reforçar a  importância destes prestadores no alargamento dos cuidados de saúde a todos os cidadãos”, conclui o presidente da APHP.

No total, segundo os números divulgados pela APHP, há hoje mais de 20 mil médicos, 9300 enfermeiros, 6700 auxiliares e 11 mil técnicos e administrativos a trabalhar nos 129 hospitais privados que cobrem quase todo o país e nos quais foram cumpridas, no último ano, mais de 9,3 milhões de consultas.