O Haiti já está numa situação de guerra civil, segundo a generalidade das definições, que assim consideram quando se registam confrontos violentos dentro e um país pelo controlo do poder. Em Port-au-Prince e nas comunidades que rodeiam a cidade, a Polícia Nacional combate porta a porta os gangues que dominam grande parte do território – incluindo mais de 80% da capital -, e também há registo da atividade de milícias populares a oporem-se aos grupos criminosos organizados.

Desde a independência, o Haiti tem uma história de convulsões, pontuada por períodos de ditadura, intervenções externas, golpes de estado e, mesmo, por catástrofes naturais. O Banco Mundial aponta-o como o mais pobre Estado da região da América Latina e das Caraíbas e um dos países mais pobres do mundo, com a economia em contração por cinco anos consecutivos, até 2023. Em 2022, foi o 163º entre os 191 países do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas.

A atual período de instabilidade acentuou-se a partir de 2021 e do assassinato do então presidente, Jovenel Moise, por mercenários colombianos. Ariel Henry, que exerce interinamente o poder, apelou ao apoio da comunidade internacional para restabelecer a ordem no país, mas, na semana passada, quando se encontrava no Quénia a negociar a formação de uma força policial multinacional apoiada pela ONU, a situação agravou-se, com uma união entre os dois maiores grupos criminosos organizados – G9 and Gpep – a atacarem as penitenciárias, no final de fevereiro, libertando mais de 4.700 detidos, e a tomarem o controlo do aeroporto, exigindo a demissão de Henry, que, impedido de entrar no país, aceita deixar o poder se for para o entregar a um conselho presidencial de transição, que ainda não está formado.

 

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