A artista brasileira, que em 2023 apresentou em Portugal o seu álbum de estreia Disco Voador, revelou ao NOVO que deseja regressar a Lisboa, onde ” se sente em casa”, salientando que “está mais do que na hora” de colaborar com uma artista portuguesa. E garantiu: continuo uma “menina solta”.

O Disco Voador descolou e chegou a Portugal, com o início da tour no MEO Sudoeste 2023, num concerto esgotado para milhares de pessoas. Sentiu-se bem recebida pelos portugueses?

Foi surreal — arrisco dizer que foram dois dos melhores dias da minha vida inteira. O público português recebeu-me de braços abertos, fiquei maravilhada com toda aquela energia contagiante de mais de 45 mil pessoas.

Ambos os shows, no MEO Sudoeste e na Feira de São Mateus (onde comemorei o meu aniversário no palco), foram totalmente “fora da curva”, o mais perto que já cheguei de sentir magia na vida real. Ficarão marcados para sempre na minha memória e história.

Portugal, agradeço imensamente todo o amor que recebi e por cada pessoa presente que tornou aquele momento único, passarei o resto da minha existência a tentar retribuir esse carinho na mesma medida.

Sente que é de facto um “país irmão”?

Com certeza! Tenho uma conexão muito especial com vocês. A língua cria um laço forte entre o Brasil e Portugal, e o amor pela música solidifica essa proximidade.

Cada vez que vou a Lisboa, sinto-me mais em casa, cercada por pessoas que entendem as minhas letras e as mensagens que quero passar com elas. Quando sinto a recetividade do público português, seria impossível não comparar o sentimento à irmandade.

A música brasileira é cada vez mais ouvida em Portugal, e a categoria “Prémio Lusofonia” dos Prémios PLAY acaba por ser também fruto dessa diversidade entre os países de língua portuguesa. Qual é a importância de prémios como este para a comunidade lusófona?

Prémios como esse são importantes para demonstrar a união cultural entre os países de língua portuguesa, enquanto celebramos também a diversidade que nos traz até aqui.

Eu fico emocionada ao ver a música brasileira conquistar cada vez mais espaços e ganhar reconhecimento pelo mundo, e a minha carreira é o perfeito exemplo de um artista brasileiro que se fortalece (em todos os sentidos) através da sua conexão lusíada.

Os prémios não servem apenas ao propósito de reconhecer talento, mas para comemorar a conexão entre os artistas e fãs de diferentes países. Estou muito honrada por fazer parte de tudo isso e sou apaixonada pelos meus fãs portugueses.

Que mensagem quer a música nomeada, perfeita, passar para os fãs?

Perfeita é uma música que carrega muito significado para mim. É uma mensagem de amor próprio e aceitação.

Quando escrevi essa música não conseguia conter as minhas lágrimas. Assim como todas nós mulheres, sou múltipla. Entrego-me no estúdio, recarrego-me dentro de casa e encontro-me através das minhas decisões. Reconheço que mudei, fiz as pazes comigo mesma e perdoei-me por qualquer parte de mim que antes julgava. Perfeita é sobre isso.

Quero que os meus fãs saibam que são perfeitos do jeito que são, com todas as suas imperfeições e singularidades, e que na vida todos nós passamos por momentos de dificuldades e angústias, mas eles passam! É importante sabermos acolher a nós mesmos em todas as instâncias e através das inconstâncias da vida.

Encontra inspiração na música portuguesa?

A música portuguesa tem uma profundidade única, e acho uma fonte de inspiração poética ampla e especial.

De uns anos pra cá, comecei a explorar desde cadências do rap português, a melodias melancólicas que originaram do fado, e tudo isso conversa com as minhas composições numa troca cultural que me enriquece como artista e me conecta ainda mais com o meu público e com outros artistas que me inspiram do outro lado do mundo.

Há artistas portugueses com os quais gostaria de colaborar?

Portugal tem tantos talentos incríveis! Recentemente colaborei com SYRO na música Flor de Cacau (que é tema de abertura da novela portuguesa “Cacau”), participei de Vamos Com Tudo, com David Carreira (hino oficial da seleção durante a Eurocopa), e acho que agora está mais do que na hora de colaborar com uma artista mulher de Portugal.

Quero escrever mais músicas com a minha amiga Bárbara Bandeira (a gente tem uma guardada que nunca saiu), conhecer pessoalmente a NENNY, já que sou fã virtual dela há muito tempo, e adoraria conversar também com a MARO, pois acredito que um feat nosso em português e inglês seria lindo demais.

Já está a trabalhar num segundo álbum?

A música nunca para na minha vida, por ser o que me move. As minhas “notas de voz” estão sempre ligadas, e a poesia nunca deixa de florescer na minha mente. Posso adiantar que tem muita coisa já pronta, ou quase pronta, e que estou imersa em alguns projetos, mas acima de tudo muito empolgada para revelar o que vem aí aos meus fãs e a todos.

Para quando um regresso a Portugal?

Ouvi dizer que vai haver um evento muito especial em Lisboa no dia 16 de maio [referindo-se à cerimónia de entrega dos PLAY — Prémios da Música Portuguesa], e estou a tentar organizar a minha agenda para conseguir estar presente. Portugal tem um lugar muito especial no meu coração, então mal posso esperar para voltar aí!

Há cinco anos lançou um sucesso inconfundível que colocou (e ainda coloca) pessoas a dançar pelo mundo fora. Giulia Be, continua uma menina solta?

Óbvio! Uma vez menina solta, para sempre menina solta!

Posso afirmar que continuo “solta” pelo mundo, a explorar coisas novas e a espalhar amor através do meu trabalho.

Editado por LL