O centro global do terrorismo mudou do Médio Oriente para a África Subsaariana, para o Sahel, a faixa de terra semiárida que separa o deserto do Saara das florestas tropicais e savanas africanas e que se estende do oceano Atlântico ao Mar Vermelho, com o Burkina Faso a ascender, no ano passado, à primeira posição do Índex Global do Terrorismo, feito anualmente pelo Instituto para a Economia e a Paz (IEP).

Nos 12 anos em que este estudo é feito, esta é a primeira vez em que o país mais impactado pelo terrorismo não é o Afeganistão ou o Iraque.

A história recente do Burkina Faso, antiga colónia francesa, tem sido marcada pela instabilidade, enfrentando conflitos com grupos armados islamitas que levaram a mais de dois milhões de deslocados, representando cerca de 10% da população. O clima generalizado de insegurança justificou dois golpes de estado concretizados no mesmo ano, em janeiro e setembro de 2022, mas a segurança piorou, de acordo com o Centro Africano de Estudos Estratégicos, que aponta que as mortes causadas pela violência militante islâmica quase triplicaram em comparação com os 18 meses anteriores ao golpe de janeiro de 2022, e a violência aumentou 46%.

“O impacto do terrorismo no Burkina Faso tem aumentado todos os anos desde 2014”, refere o IEP. A instabilidade – incluindo o aumento do terrorismo – nos países vizinhos contribuiu para esta evolução. Dos 10 países mais impactados pelo terrorismo, cinco são da região do Sahel, se incluirmos nesta os Camarões.

No ano passado, a África Subsariana registou o maior número de mortes de todas as regiões pelo sétimo ano consecutivo, com um aumento de 21% em comparação com 2022. A região do Sahel registou pouco menos de quatro mil mortes do terrorismo, representando 47% do total global.

 

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