A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, anunciou esta terça-feira, 7 de novembro, que o partido vai defender junto do Presidente da República a antecipação das eleições legislativas, depois da demissão do primeiro-ministro, António Costa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou os partidos políticos com representação na Assembleia da República para consultas esta quarta-feira, 8 de novembro, e convocou o Conselho de Estado para o dia seguinte, quinta-feira, na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro.

“Crises políticas destas dimensões resolvem-se com eleições”, defendeu Mariana Mortágua, em conferência de imprensa. “Perante uma crise política desta natureza, pensamos que se esclarece através de eleições”, sublinhou.

Mortágua pretende que a marcação das eleições seja determinada com brevidade para que o país “não perca mais tempo do que o estritamente necessário” para encontrar solução para a atual crise política.

António Costa demitiu-se esta terça-feira do cargo de primeiro-ministro, depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter referido um inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça em que é visado.

A PGR confirmou a detenção de cinco pessoas, na sequência de um inquérito, dirigido pelo Ministério Público, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), por suspeitas de crimes de prevaricação, de corrupção e de tráfico de influência.

Foi confirmada a detenção do chefe do gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, do presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, de “dois administradores da sociedade Start Campus e de um advogado/consultor contratado por esta sociedade”.

O advogado/consultor referenciado será Diogo Lacerda Machado, amigo do primeiro-ministro, António Costa.

“Os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação”, informa a PGR.

Em causa, neste inquérito, os processos das concessões de exploração de lítio nas minas do Romano, em Montalegre, e do Barroso, Boticas; o projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines; e o projeto de construção de um data center também em Sines.

“No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido”, informa a PGR. “Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente”, acrescenta.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.

Na sequência desta informação, António Costa apresentou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a sua demissão do cargo de primeiro-ministro.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou os partidos políticos com representação na Assembleia da República para consultas esta quarta-feira, 8 de novembro, e convocou o Conselho de Estado para o dia seguinte, quinta-feira, na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro.

Em comunicado, a Presidência da República refere que Marcelo Rebelo de Sousa “falará ao país imediatamente a seguir à reunião do Conselho de Estado”, que terá início às 15h00.

Na operação que decorreu esta terça-feira foram feitas 42 operações de buscas: 17 buscas domiciliárias, cinco buscas em escritório e domicílio de advogado e 20 buscas não domiciliárias,

As buscas não domiciliárias foram feitas em espaços utilizados pelo chefe do gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, no Ministério do Ambiente e da Ação Climática, no Ministério das Infraestruturas e na Secretaria de Estado da Energia e Clima; também na Câmara Municipal de Sines e na “sede/espaços de outras entidades públicas e de empresas”, não referidas.

As diligências referidas foram executadas com o apoio operacional de elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), tendo participado 17 magistrados do Ministério Público, três magistrados judiciais, dois representantes da Ordem dos Advogados, cerca de 145 elementos da PSP e nove da AT.