O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa, conceito desenvolvido pelo grupo empresarial O Valor do Tempo, disponibilizou, por tempo limitado, uma coleção inédita de conservas na sua nova loja em Nova Iorque, fruto da parceria com o filme Pobres Criaturas, já em exibição nas salas de cinema portuguesas.

Sónia Felgueiras, diretora de marketing do grupo O Valor do Tempo, revelou ao NOVO que a iniciativa partiu da própria produtora do filme, a Searchlight Pictures, um braço da Walt Disney Studios. “Ficámos surpreendidos, embora tenhamos percebido muito rapidamente que a loja estava a ser um sucesso na comunicação social americana (…) Nós tivemos destaque em praticamente todos os meios relevantes dos Estados Unidos. E, claro, somos uma marca portuguesa, e isso encheu-nos de orgulho”, confessa. 

Inaugurada em agosto de 2023, a loja, situada num dos principais pontos turísticos de Nova Iorque, é a primeira d’O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa fora de Portugal. “É, de facto, uma loja completamente diferente de tudo o que se pode encontrar ali em Times Square”, sublinha a diretora. 

A longa-metragem, realizada por Yorgos Lanthimos e protagonizada por Emma Stone, está nomeada para 11 categorias dos Óscares de Hollywood, incluindo a de Melhor Filme e Melhor Atriz. Recebeu também o Globo de Ouro de Melhor Filme e venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza. O enredo passa por Lisboa, num ambiente repleto de pastéis de nata e com a participação especial da fadista portuguesa Carminho, que integra a banda sonora da obra. 

Sónia Felgueiras explicou que o primeiro passo após o convite foi perceber a história do filme. “Percebemos que a Bella Baxter, que é a personagem principal, interpretada por Emma Stone, foi trazida de volta à vida e foi descobrir o mundo, quase numa autolibertação.” Estabeleceram, então, a ligação com a sardinha portuguesa: “Aquilo que nós fizemos com a sardinha portuguesa foi literalmente dar-lhe um palco para ela brilhar no centro do mundo. Já o fazíamos em Portugal, mas era importante afirmar a sardinha portuguesa num espaço como é Times Square, em Nova Iorque.” 

A edição limitada esteve disponível até 28 de fevereiro na loja física de Nova Iorque e também esteve à venda na loja online dos Estados Unidos. A diretora de marketing mencionou que a coleção fazia sentido exclusivamente para aquele mercado, visto que os clientes que comprassem recebiam também produtos de merchandising e foram sorteados bilhetes para a estreia que permitiram aos vencedores assistir ao filme ao lado das grandes estrelas da longa-metragem.

A lata especial da sardinha portuguesa assinala o seu ano de lançamento, 2023. Faz parte da coleção Sardinhas do Tempo, que procura realçar a história de cada ano em particular, convidando os clientes a procurarem as datas mais especiais para si. Por sua vez, a caixa da conserva possui uma imagem oficial do filme, com Bella Baxter, a personagem principal, em evidência, e os dois logotipos das marcas em paralelo. 

Foi a primeira colaboração deste género para a loja portuguesa, que se mostra bastante satisfeita com a parceria, principalmente em termos de comunicação e notoriedade internacional. 

“Claro que a sardinha, desde logo, está no nome da marca (…) porque é também aquele peixe que mais caracteriza o povo português e o mais popular”, diz, realçando porém que, além das famosas sardinhas, as lojas oferecem cerca de 30 variedades de peixe, desde o robalo à corvina, passando pelo salmão fumado e pelos búzios. Além disso, os peixes podem encontrar-se fumados, picantes, ao natural ou cozidos a vapor. “Temos uma infinidade de peixe para todos os gostos e (…) tudo o mais natural possível, só com azeite português.” 

A marca procura, assim, destacar-se tanto pela qualidade do produto quanto pela beleza das latas. “É muito mais do que um produto, é uma experiência, porque quem vem a Portugal leva daqui um souvenir original. Quem cá está também tem a possibilidade de ter um ícone da gastronomia portuguesa de uma forma original.” 

O grupo empresarial detém, desde 2015, a histórica conserveira Comur, fundada em 1942 na Murtosa, em Aveiro. 

“Queríamos tirar as conservas portuguesas, que têm tanto prestígio e tanta qualidade, da sombra onde elas viviam. Precisávamos de lhes dar brilho, de evidenciar ao mundo que elas têm muito mais valor do que estar meramente na prateleira de um supermercado.” Mas, para isso, a responsável refere que era preciso “criar valor” e “toda esta fantasia de marca”, através de uma experiência única para o cliente. 

“A nossa inspiração foi o circo, porque o circo, tal como a sardinha, é nobre e popular, simultaneamente (…) As nossas lojas fazem muito esse apelo ao circo, sendo muito fantasioso, mas não escondendo que, por trás de toda aquela fantasia, está algo verdadeiramente sério: é o trabalho dos pescadores e das mulheres que estão na fábrica (…) E aquelas pessoas trabalham ali há muitos anos. Elas são verdadeiramente mestres porque tratam as conservas com destreza e muita delicadeza, é tudo feito à mão. Para nós, elas são as verdadeiras mestres desta arte conserveira, mas é preciso mostrá-la ao mundo, com elevação, e foi isso que nós tentámos fazer nas nossas lojas”, explica Sónia Felgueiras. 

A marca portuguesa já possui 20 lojas em Portugal, nas principais cidades e centros históricos do país, e marca presença também no e-commerce. Com a prioridade de “manter a experiência que nós sempre ambicionamos dar aos clientes nas nossas lojas”, o grupo procura agora consolidar-se no mercado americano. 

Editado por Bruno Pires

Artigo publicado na edição do NOVO de 2 de março