Pedro Sánchez vai abordar a situação em Gaza e o reconhecimento do Estado da Palestina durante o encontro da próxima semana com Luís Montenegro, anunciou hoje o governo de Madrid.

“Esta semana, o presidente do governo inicia uma série de viagens, encontros e contactos com líderes europeus para partilhar a sua preocupação com a situação de Gaza e a necessidade de impulsionar o reconhecimento da Palestina como Estado”, disse a ministra porta-voz do governo de Espanha, Pilar Alegría, numa conferência de imprensa em Madrid.

Sánchez vai iniciar estes contactos com viagens à Noruega e à Irlanda, na próxima sexta-feira, seguindo-se o encontro com Luís Montenegro, na segunda-feira, em Madrid, disse a ministra. Depois, na terça-feira, o primeiro-ministro espanhol viajará até à Eslovénia e vai reunir-se com o homólogo da Bélgica, Alexander de Croo, antes do início do Conselho Europeu informal da próxima semana, em Bruxelas.

“O nosso objetivo é claro, é impulsionar o reconhecimento da Palestina como Estado”, realçou Pilar Alegría, que destacou que o conflito em Gaza, que opõe Israel ao grupo islamista radical Hamas, está “num momento-chave” e “a ser abordado pelas Nações Unidas”.

“O que queremos é travar o desastre humanitário em Gaza e contribuir para o início o quanto antes de um processo político de paz que leve à materialização da Solução dos Dois Estados”, acrescentou a porta-voz do governo espanhol.

Sánchez é um dos líderes europeus que mais têm insistido no reconhecimento da Palestina como Estado e disse que Espanha o fará até julho.

Na semana passada esteve também na Jordânia, Arábia Saudita e Catar para abordar este tema e a situação no Médio Oriente com “atores-chave do mundo árabe e explorar, assim, vias adicionais para pacificar a região”, nas palavras de hoje da porta-voz do governo espanhol. No final da visita, no Catar, Pedro Sánchez disse que a União Europeia tem de ter um papel ativo na procura da paz no Médio Oriente e deve, para isso, construir pontes com países árabes.

Antes, no final de março, assinou com os primeiros-ministros da Irlanda, Eslovénia e Malta uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina.

Sánchez vai abordar este tema com o novo primeiro-ministro português naquela que será a primeira deslocação ao estrangeiro de Luís Montenegro como chefe do governo, como foi anunciado na semana passada.

Atualmente, nove Estados-membros da União Europeia reconhecem a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem à União Europeia, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas.

No caso de Portugal, em dezembro de 2014, o parlamento aprovou, com os votos de PSD, PS e CDS, um projeto de resolução instando o executivo a “reconhecer, em coordenação com a União Europeia, o Estado da Palestina como um Estado independente e soberano, de acordo com os princípios estabelecidos pelo direito internacional”.

O anterior governo defendia que, para Portugal, o reconhecimento do Estado da Palestina “é algo que deve acontecer”, mas em coordenação com “alguns parceiros próximos” e num “momento com consequência para a paz”, como disse à Lusa, em novembro, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.