Pedro Mota Soares já terá recebido o convite do Governo para assumir a provedoria da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), em substituição da exonerada Ana Jorge, segundo avança, esta terça-feira, a Sábado.

Segundo a revista,  o Governo deverá oficializar ainda esta semana a nomeação e assim começar o processo de transição na liderança da Santa Casa da Misericórdia que é tutelada pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Mota Soares já foi ministro do Trabalho e Segurança Social no governo de Passos Coelho, quando o país estava ainda sob vigilância da Troika. A escolha do antigo governante é, assim, considerada como “natural”, atendendo a que já foi o responsável ministerial pela instituição.

O nome de Mota Soares surge no seguimento da exoneração, esta segunda feira, da mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Com esta decisão caiu também a provedora Ana Jorge que tinha tomado posse há menos de um ano – a 2 de maio de 2023. O despacho de exoneração foi publicado esta terça-feira em Diário da República.

De acordo com o despacho agora  conhecido, que, no caso de Ana Jorge é assinado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro e pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho, toda a atual equipa de gestão da SCML termina as funções a partir desta terça-feira.

O Governo justifica o afastamento da provedora e dos elementos da Mesa com “atuações gravemente negligentes que afetam a gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”.

Segundo a informação disponível, o Governo entende que falta “um plano de reestruturação financeira, tendo em conta o desequilíbrio de contas entre a estrutura corrente e de capital” e que Ana Jorge não conseguiu apresentar esse plano “desde que tomou posse até agora”.

Ana Jorge tomou posse em 2 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

No despacho publicado hoje, o Governo refere que a atual administração da SCML não deu “informações essenciais ao exercício da tutela”, nomeadamente o relatório e contas do ano de 2023, “mesmo que em versão provisória”, e sobre a execução orçamental dos primeiros três meses de 2024.

Acusa também Ana Jorge de “ausência de resposta [a] todos os pedidos de informação até agora solicitados”.

As acusações feitas à provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estendem-se aos elementos que compõe a Mesa, no caso três vogais e a vice-provedora, que, no caso desta última, é exonerada a seu pedido.

Antes de assumir funções como provedora da SCML, Ana Jorge era presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, cargo que exercia desde 2017.

Antes de assumir funções na CVP foi, entre 2016 e 2021, coordenadora da Unidade de Missão do Hospital da Estrela, da SCML.

A médica pediatra foi ministra da Saúde nos XVII e XVIII governos constitucionais, deputada e gestora de várias instituições de saúde e da economia social.