Luís Filipe Vieira em dez declarações polémicas

Presidente do Benfica foi detido esta quarta-feira por suspeitas de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento. Da sua passagem pela comissão de inquérito ao Novo Banco ao apoio do primeiro-ministro, António Costa, foram várias as declarações feitas pelo líder encarnado nos últimos anos sobre alguns dos episódios mais controversos do seu percurso.

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, é uma das quatro pessoas detidas, que, segundo o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), são suspeitas de estarem envolvidas em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”. Em causa estão alegados crimes de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.

Foi eleito líder dos encarnados pela primeira vez em Novembro de 2003, tendo sido sucessivamente reeleito durante todos estes anos. No último acto eleitoral, a 28 de Outubro de 2020, garantiu que seria o último mandato à frente do Benfica. Além da carreira de dirigente desportivo, Vieira – que chegou a ser também sócio do FC Porto e do Sporting – é um destacado empresário, sendo dono da Promovalor, holding de imobiliária com várias dívidas ao Novo Banco, o que levou a que fosse chamado para prestar declarações perante a Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

Nos últimos anos, o nome de Luís Filipe Vieira, e consequentemente do Benfica, foram associados a várias investigações judiciais, como o caso e-Toupeira, a Operação Lex ou o processo Mala Ciao. Sobre todos estes temas, o presidente do Benfica foi reagindo com algumas frases que acabaram por marcar o seu percurso. Recorde algumas delas.

– “Eu tenho a noção exacta que estou aqui porque sou presidente do Benfica, senão não estava cá, tenho essa noção exacta. Bastou ver o aparato que eu vi todo hoje, comunicação social… tenho a certeza.” (Comissão de inquérito ao Novo Banco, Maio de 2021)

– “Por muito que seja cómodo publicamente colarem-me às perdas do Novo Banco e às perdas dos contribuintes portugueses, tudo isso não passa de uma tentativa de alterar a realidade: não tive nenhum perdão de capital, nem nenhum perdão de juros. Nem eu, Luís Filipe Vieira, nem o grupo Promovalor.” (Comissão de inquérito ao Novo Banco, Maio de 2021)

– “A relação especial que eu tinha com o grupo BES era uma relação completamente transparente, já vinha do passado, de perto deles, mas curiosamente não era com ele [Ricardo Salgado] que eu lidava.” (Comissão de inquérito ao Novo Banco, Maio de 2021)

– “Devia ser enforcado, uma pessoa que assina uma coisa destas [ndr: acordos estabelecidos com a Lone Star para a venda do Novo Banco].” (Comissão de inquérito ao Novo Banco, Maio de 2021)

– “Do que eu vivo? Tenho outros negócios, tenho uma boa reforma. Vivo bem. Por acaso, ainda agora veio uma coisa curiosa. Ainda foi reforçada a conta com dois milhões e tal de euros que eu recebi do fisco.” (Comissão de inquérito ao Novo Banco, Maio de 2021)

– “Estou de consciência tranquila sobre todos esses processos. Eu nunca poderei ser condenado por algo que não fiz e por isso confio na justiça. Nunca mais me vou esquecer da denúncia anónima do ‘Mala Ciao’. Ridícula. Quem a fez? Os do costume. Norte. Se estou a falar do FC Porto? Claro.” (Entrevista à BTV, Junho de 2020)

– “[Estou de consciência] completamente tranquila [ndr: relativamente ao processo e-Toupeira]. Aliás, já disse a toda a gente que, se porventura alguma vez o Benfica for condenado por corrupção, pedirei imediatamente a demissão. Estou muito à vontade nisso.” (Entrevista à TVI, Setembro de 2019)

– “Afirmo, de forma peremptória, que estou de consciência totalmente tranquila. Não pratiquei qualquer ilícito que me possa ser imputado. É, aliás, com enorme estupefacção que vejo o meu nome associado a este processo.” (Comunicado sobre a Operação Lex, Fevereiro de 2018)

– “Repito o que já disse, estou de consciência tranquila e, se for condenado, no futuro, em algum dos processos de que nestes dias tanto se fala, serei o primeiro a tomar a iniciativa, saindo pelo meu pé da presidência do Sport Lisboa e Benfica.” (Comunicado emitido aquando da retirada do nome de António Costa e Fernando Medina da comissão de honra da lista de Vieira às eleições de Outubro. Setembro de 2020)

– “Não há nem nunca haverá corrupção no Benfica. Isto que fique muito claro para os benfiquistas. O que há é seis meses em que foi cometido um crime ao Sport Lisboa e Benfica. Esse crime acontece semanalmente. Confesso que não estávamos preparados para o crime organizado nem pensávamos que fosse possível suceder.” (Entrevista à BTV, Novembro de 2017)