Lucília Gago diz que não se sente responsável por demissões, sublinhando que acrescentou o último parágrafo no comunicado de imprensa sobre a Operação Influencer por uma questão de transparência.

“Não me sinto responsável por demissões”, sublinhou a Procuradora-Geral da República, na primeira intervenção pública que fez desde a demissão de António Costa. “Trata-se de uma avaliação pessoal e política que foi feita. A respeito disso não tenho nada a dizer”.

A Procuradora-Geral da República defende que parágrafo tinha de ser incluído “sob pena de, não constando do comunicado, se pudesse afirmar que se estava indevidamente a ocultar-se um segmento da maior importância”, acrescentando que “as notas para a imprensa são sempre trabalhadas pelo gabinete de imprensa, como foi o caso e em situações mais sensiveis são acompanhadas de muito perto na sua redação pelo impacto público que têm”.

Lucília Gago rejeita que as críticas feitas ao Ministério Público possam ter impacto no trabalho da Procuradoria-Geral da República, explicando também porque não foi pedida a presença da Polícia Judiciária durante as diligências: “Como acontece em muitas outras, por vezes não há uma delegação de competência [do Ministério Público] para a realização de investigação de uma polícia criminal em concreto”.

“O que quero dizer é que o Ministério Público continuará a fazer investigações, essa e todas as outras que tem em mãos, naturalmente sem  dramatizar, fazendo a sua função e o seu papel”.

Lucília Gago confirma ainda que a Belém por solicitação de Marcelo Rebelo de Sousa, não querendo “revelar o teor da conversa”, mas não esclareceu se a reunião foi feita a pedido de António Costa.

Recorde-se que António Costa está a ser investigado devido à “invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente”.

O Ministério Público acredita que António Costa interveio diretamente na aprovação de um diploma que favoreceu os interesse da Start Campus na instalação de um data center em Sines. Quando se demitiu, a 7 de outubro, António Costa garantiu estar de consciência tranquila e não ter praticado “qualquer ato ilícito ou censurável”.