A Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal contesta a posição da Igreja Católica, divulgada esta semana, sobre a impossibilidade de “filiação ativa de um fiel à maçonaria”, argumentando pela “irreconcialibilidade entre a doutrina católica e a maçonaria”.

A posição da Igreja Católica foi divulgada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, em resposta ao pedido de um clérigo filipino.

A Grande Loja reconhece que a posição não é novidade, uma vez que está alinhada com a Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé de 1983 e as diretrizes publicadas pela Conferência Episcopal, em 2003. No entanto, considera a Grande Loja, são contrárias às palavras de Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, no verão deste ano, em que o Papa defendeu a abertura da Igreja a “todos, todos, todos”.

“Adicionalmente, entende a Grande Loja que a abertura da Igreja a ‘todos, todos, todos’ – como exortou o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa – implica naturalmente também a inclusão de todos, e são muitos, os maçons regulares católicos e que o trabalho maçónico, desenvolvido – como dizem os maçons – ‘à glória do Grande Arquiteto do Universo’ é espiritualmente nobre e dignamente moral, em nada colidindo com a ética cristã”, considera a Grande Loja, em comunicado enviado ao NOVO.

A Grande Loja recorda que, de acordo com as regras da Maçonaria Regular, “é recusada a entrada a ateus e agnósticos, tendo vindo a ser admitido um número cada vez maior de praticantes das designadas ‘religiões do livro’, com destaque natural em Portugal para os praticantes da fé católica”.

De acordo com o seu Grão-Mestre, Armindo Azevedo, “não considera a Maçonaria Regular que exista qualquer incompatibilidade para um maçon que simultaneamente frequente as sessões de Loja e as missas ou liturgias realizadas pela Igreja Católica ou que professe a sua fé religiosa através de outros atos e práticas”.

A Grande Loja Legal de Portugal – maior obediência maçónica do país, com 3.700 maçons e única internacionalmente reconhecida como regular – enviou um comunicado aos membros a saudar “todos os maçons regulares católicos, com a certeza de que continuarão a professar a sua fé e a frequentar as suas Lojas com o mesmo espírito de entrega, dedicação e respeito, num lugar como no outro”.

Armindo Azevedo espera que “em breve, a Igreja Católica venha a alterar a sua posição, reconhecendo o papel positivo e fraterno desenvolvido pela Maçonaria Regular para bem da Humanidade, sempre sob a inspiração maior de um ser supremo e divino”.