O governo exonerou a mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A notícia avançada pela SIC-Notícias e confirmada pelo NOVO, dá conta de que ainda esta segunda-feira ou amanhã, de manha, deverá ser publicado o despacho de exoneração, abrindo-se, assim, a perspetiva da nomeação de  novos dirigentes para a instituição tutelada pelo  Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

“O Governo decidiu exonerar, com efeitos imediatos, todos os membros da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, agradecendo-lhes a disponibilidade para prestar funções em tão relevante instituição”, adiantou o Governo em comunicado, divulgado esta segunda-feira pela Presidência do Conselho de Ministros.

“Infelizmente, esta decisão tornou-se inevitável por a Mesa, agora cessante, se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição, o que poderá a curto prazo comprometer a fundamental tarefa de ação social que lhe compete“, argumentou a Presidência do Conselho de Ministros.

Esta decisão governamental surge depois de o jornal Público ter noticiado esta segunda-feira que a Ministra Rosário Palma Ramalho, a 12 de abril, na reunião formal de apresentação de cumprimentos, tinha exigido à provedora um plano de reestruturação urgente para a instituição que gere a Santa Casa Global, a empresa responsável pela internacionalização dos jogos de fortuna ou azar.  A governante terá determinado que o plano fosse apresentado no prazo de duas semanas, mas a provedora terá considerado o período muito curto. A exoneração veio a seguir.

Conforme noticiou aquele jornal, a SCML acumula ainda saldos de tesouraria negativos desde 2019, num total de 176 milhões de euros: -15,7 milhões em 2019; -67,6 milhões em 2020; -54,1  milhões em 2021; e -38,8 milhões em 2022. Isto fez com que se recorresse ao saldo de gerência que em 2019 era de 217 milhões de euros e que em 2022 ficou reduzido a 41 milhões.

Ana Jorge está no cargo desde maio do ano passado, tendo substituído Edmundo Martinho. Depois de ter tomado posse foram mandadas realizar duas auditorias, uma interna, às contas de 2021 e 2022, e outra externa, a cargo da consultora BDO, para averiguar as contas da Santa Casa Global. Terão sido os investimentos nesta empresa, com muito dinheiro aplicado sobretudo no Brasil, sem qualquer retorno,  que terão feito cambalear as contas da Misericórdia que Ana Jorge nunca conseguiu endireitar.

A provedora agora exonerada recebeu o legado do seu antecessor Edmundo Matinho que o PSD tentou, pelo menos por três vezes, que fosse ouvido no Parlamento sobre as contas da SCML, mas nunca conseguiu a aprovação do PS que tinha a maioria parlamentar. Agora Edmundo Martinho não deverá escapar à audição. O PSD prepara-se para o chamar à respetiva comissão parlamentar.

Entretanto, o PS anunciou esta segunda-feira que vai requerer a audição parlamentar urgente de Ana Jorge e da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para explicar a decisão do governo de exonerar a administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O Provedor é nomeado por despacho conjunto do primeiro-ministro e do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.