O ministro da Presidência não comentou a decisão do Chega de aprovar a proposta do PS para eliminar portagens nas ex-SCUT, mas advertiu que as oposições não podem aliar-se para governarem a partir do parlamento.

Este aviso foi transmitido por António Leitão Amaro em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, depois de confrontado com a intenção manifestada pelo líder do Chega, André Ventura, de viabilizar a proposta do PS para a imediata descida das portagens.

Em declarações aos jornalistas no parlamento, André Ventura anunciou que deu instruções ao grupo parlamentar do Chega para aprovar o diploma do PS, que é esta quinta-feira debatido e votado, por considerar que, caso o inviabilizasse, o partido “seria absolutamente incoerente consigo próprio”.

António Leitão Amaro afirmou que se recusa a comentar declarações “de um líder partidário” sobre a abolição de portagens nas autoestradas ex-SCUT (Sem Custos para o Utilizador) e referiu que o parlamento é o espaço parlamentar, mas citou a posição do primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre o quadro de governabilidade atualmente existente em Portugal.

“Temos um governo liderado pela plataforma política mais votada em eleições. Em Portugal há um parlamento que legisla e fiscaliza e há um governo que governa e tem um programa. Os portugueses devem estar atentos a sinais de que outros partidos estejam a tentar governar em entendimentos entre oposições”, declarou.

O ministro da Presidência insistiu que os portugueses devem fazer o juízo se “há ou não partidos que, não sendo a maioria de governo, não tendo apresentado programa de governo, querem aliar-se para governar a partir do parlamento”.

Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, André Ventura referiu que “o Chega defendeu em campanha eleitoral, de forma clara e explícita, o fim de todas as portagens”.

“Disse, aliás, que era uma das propostas mais arrojadas. Foi o compromisso que fizemos, de trabalhar gradualmente para o fim de todas as portagens”, afirmou.

Ventura sustentou depois que o Chega procurou consensualizar com o governo uma calendarização para a descida das portagens — em vez de ser imediata, como propõe o PS –, mas não foi possível chegar a acordo.