Mais de metade são da prata da casa e quase todos têm já experiência política ou governativa. Entre 17 ministros, sete são mulheres e existem surpresas e independentes. Mas é um governo sobretudo político. Sete pertencem à Comissão Permanente do PSD. Conheça os nomes:
Ministro de Estado e das Finanças – Joaquim Miranda Sarmento
Será o 2.º ministro de Estado do governo liderado por Luís Montenegro, saltando da liderança do grupo parlamentar, onde foi criticado pela alegada ausência de dotes de bom tribuno, para uma das pastas mais difíceis: a das Finanças. Cabe-lhe distribuir as verbas para os seus colegas do executivo e gerir a folga orçamental que o governo de António Costa deixou e que Montenegro quer usar já nos primeiros meses para meter medidas no terreno que cheguem às pessoas e, assim, capitalizar rapidamente popularidade. Miranda Sarmento fará parte do núcleo político de combate, mas também é-lhe reconhecida capacidades técnicas na área das finanças. Foi consultor de Cavaco e da UTAO e trabalhou 10 anos no ministério das Finanças.
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros – Paulo Rangel
Advogado e político de carreira, tentou várias vezes chegar à liderança do PSD, mas foi sempre derrotado, uma vez por Passos Coelho, a outra por Rui Rio. No governo de Santana Lopes é chamado por Aguiar Branco para ser secretário de Estado da Justiça e é aí que começa a dar nas vistas. Chegou a presidente da bancada parlamentar em 2008 pela mão de Manuela Ferreira Leite e em 2009 muda-se para Bruxelas e torna-se eurodeputado, de onde sai agora para número dois do primeiro-ministro do governo AD. Vai ser ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e fazer parte do núcleo-duro do executivo de combate político que Montenegro quis criar para fazer face à instabilidade que traz um governo de minoria.
Ministro da Presidência – António Leitão Amaro
Será mais um ponta-de-lança do núcleo-duro de Montenegro para o combate. Indicado como ministro da Presidência, Leitão Amaro será uma espécie de pivot do executivo AD, responsável por uma pasta de forte cariz político e de coordenação de todo o governo. Estreou-se muito novo na política, tendo sido secretário de Estado da Administração Local no governo cde Passos Coelho. Foi, ainda, deputado entre 2009 e 2019 e foi vice-presidente do grupo parlamentar do PSD até 2019. Tem estado com Luís Montenegro desde a primeira hora e é vice-presidente do PSD, membro da entourage do líder.
Ministra da Saúde – Ana Paula Martins
É licenciada em Ciências Farmacêuticas, tem mestrado em Epidemiologia e é doutorada em Farmácia Clínica. Professora auxiliar, passou ainda vários anos como bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, mas foi como diretora do Hospital de Santa Maria que ganhou maior protagonismo. Sendo uma técnica, a política não lhe é completamente alheia, dado que chegou a vice-presidente do PSD na liderança de Rui Rio e que Luís Montenegro tem recorrido às suas competências técnicas para desenhar o plano de emergência que prometeu implementar para “salvar” o Serviço Nacional de Saúde, que Ana Paula Martins terá agora o ónus de pôr em marcha o mais rápido possível. Luís Montenegro fez deste plano de emergência uma das prioridades do seu governo.
Ministra do Ambiente e Ação Climática – Maria da Graça Carvalho
Não é uma estreia na política, nem em funções governativas. Pelo contrário, tem vasta experiência em ambas. Doutorada, Maria da Graça Carvalho foi ministra da Ciência e do Ensino Superior no governo de Durão Barroso e seguiu com este ex-primeiro-ministro para a Comissão Europeia quando foi nomeado presidente (foi sua vice-presidente entre 2006 e 2009). Desde então que é eurodeputado e trabalha sobretudo com os dossiers do ambiente, clima e lítio. Os mesmo que vai agora tutelar como ministra do ambiente e da energia. Licenciada em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico, tem doutoramento no domínio das indústrias de energia intensiva. É ainda
professora catedrática no IST nas áreas da energia e das alterações climáticas e sócia do American Institute of Aeronautics and Astronautics.
Ministra da Juventude e Modernização – Margarida Balseiro Lopes
Licenciada em direito, Margarida Balseiro Lopes entrou muito cedo na política, tornando-se líder da JSD e deputada à Assembleia da República entre 2015 e 2022. Luís Montenegro dá-lhe cria um ministério novo – o da Juventude – e dá a sua tutela a uma das sociais-democratas que tem estado ao seu lado desde o início. É vice-presidente do PSD e vai liderar um ministério que pretende dar à sociedade o sinal de que os jovens são importantes para o governo AD. Aliás, a retenção dos jovens talentos em Portugal e o apoio aos jovens foi uma das principais bandeiras da AD durante a campanha eleitoral. A juntar à Juventude, Margarida Balseiro Lopes terá ainda a carga a pasta da modernização, onde não lhe é conhecida experiência específica.
Ministro da Agricultura – José Manuel Fernandes
Licenciado em Sistemas e Informática pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Minho informática, tem sido um dos principais eurodeputados do PSD nos últimos anos. É um conhecedor da PAC, áreas onde trabalhou enquanto deputado no Parlamento Europeu. Exerceu as funções de presidente da Câmara Municipal de Vila Verde entre 1997 e 2009. Em 2015 assumiu a função de relator e negociador do Parlamento Europeu no Orçamento da União Europeia para 2016 e foi nomeado relator pela Comissão dos Orçamentos do Parlamento Europeu para o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE), também conhecido como “Plano Juncker”. É agora recuperado pelo PSD para a política nacional e para uma pasta a que a AD decidiu tornar “prioritária” no país e que vive momentos de tensão, com protestos dos agricultores.
Ministro da Defesa Nacional – Nuno Melo
Chegou a ser pensado para a Administração Interna, mas Luís Montenegro acabou por optar por colocar o líder do CDS numa pasta mais recatada e onde o CDS já tinha alguma experiência – Paulo Portas também foi ministro da Defesa. Advogado de profissão, abraçou a política há muitos anos e fez parte do núcleo duro de Portas, chegando à liderança da bancada parlamentar. Tornou-se eurodeputado em 2009, cargo que agora deixa para trás. Em 2022, depois da hecatombe eleitoral que levou o CDS a não conseguir eleger um único deputado e a desaparecer do universo parlamentar, Nuno Melo assumiu a liderança do partido para tentar recuperá-lo. Começou por arrumar a casa e as contas do partido e, com a súbita demissão de Costa e queda do governo, consegue fazer uma aliança com o PSD que lhe permitiu eleger dois deputados e regressar à Assembleia da República.
Ministro das Infraestruturas e Habitação – Miguel Pinto Luz
Faz parte do núcleo duro de Luís Montenegro e integra a parte do combate político do governo, com uma das pastas mais polémicas: as Infraestruturas – onde, aliás, já tem alguma experiência governativa, ainda que muito curta, tendo sido secretário de Estado das Infraestruturas por 21 dias no curto governo de Passos em 2015. Tentou várias vezes chegar à liderança do PSD, mas acabou sempre derrotado. Uma delas para Luís Montenegro, que acabou por chamá-lo para ser um dos seus vice-presidentes. A sua experiência política estende-se ainda ao mundo autárquico e partidário. Foi líder da distrital de Lisboa do PSD e vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais. Vai liderar uma pasta que foi encabeçada pelo agora líder da oposição – Pedro Nuno Santos – e terá de tomar uma decisão, entre outras: onde ficará o próximo aeroporto.
Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social – Maria do Rosário Palma Carvalho
Especializada em Direito do Trabalho terá em mãos uma das missões mais prementes e urgentes para Luís Montenegro: gerir a pasta da segurança social e tentar “reconciliar” os pensionistas com o PSD. Os reformados chegaram a ser uma fatia forte do eleitorado de Cavaco Silva, que acabou por se afastar do partido com as austeridade imposta pela troika a Passos Coelho. O aumento do CSI é uma das primeiras medidas que Luís Montenegro quer que o governo meta em ação assim que tomar posse. Professora catedrática da Faculdade de Direito de Lisboa, é vice-presidente do Instituto do Direito do Trabalho. É uma das novidades do 24º Governo Constitucional e uma das sete mulheres que o compõem. É independente e a sua carreira tem sido feita, sobretudo, nas universidades e no direito laboral.
Ministro adjunto e da Coesão Territorial – Manuel Castro Almeida
É um regresso a funções governativas de um político que está habituado a lidar com várias pastas e com a ação executiva e política. Será adjunto de Luís Montenegro, mas também o responsável pela pasta da Coesão Territorial, que incluirá o importante dossiê dos fundos comunitários. Tem vasta experiência nesta matéria, foi responsável pela pasta do Desenvolvimento Regional no governo de Passos Coelho e foi ainda secretário de Estado da Juventude e Desporto. Pelo meio foi deputado e nos últimos anos assumiu as funções de presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira, à qual não se poderia candidatar nas próximas eleições. Representa também um sinal de união com a ala de Rui Rio, dado que foi vice deste ex-líder.
Ministro dos Assuntos Parlamentares – Pedro Duarte
Licenciado em Direito e com vasta experiência política, representa também um regresso a funções governativas, depois de ter estado os últimos anos (até agora) como diretor de Corporate Affairs da Microsoft. Ao mesmo tempo era o presidente do Conselho Estratégico do PSD. Começou novo na política e em 1998 torna-se líder da JSD, onde esteve até 2002. Foi deputado à Assembleia da República até 2009 e secretário de Estado da Juventude do governo de Santana. Luís Montenegro chama-o agora para uma das pastas mais cruciais do governo, dado que, perante a ausência de uma maioria absoluta no parlamento, Pedro Duarte terá de ter forte capacidade de negociação para manter um diálogo permanente com todos os partidos para a aprovação de alguns diplomas.
Ministra da Justiça – Rita Júdice
Advogada de profissão, é especialista em direito imobiliário. Não sendo uma profissional da política, teve nos últimos dois anos contacto com a mesma ao fazer parte do Conselho Estratégico Nacional do PSD, responsável pela pasta da habitação. Como ministra da Justiça, terá nas mãos uma importante decisão: a nomeação do próximo procurador-geral da República. E ainda a eventual reforma da justiça pedida por muitos sectores e pôr em marcha as medidas anticorrupção que Luís Montenegro apresentou ao país. Foi uma das cinco mulheres cabeças-de-lista da AD, no caso por Coimbra.
Ministro da Educação e Ciência – Fernando Alexandre
Doutorado em Economia, tem exercido funções de professor na Universidade do Minho, além de ser vice-presidente do Conselho Económico e Social. Mas a política não lhe é nada estranha, nem as funções governativas. Foi secretário de Estado Adjunto da ministra da Administração Interna Anabela Miranda Rodrigues entre 2013 e 2015, no governo de Pedro Passos Coelho. Como professor universitária, tem também experiência técnica sobre o sector da educação, pasta que vai agora titular, tendo em mãos algumas das medidas que Montenegro prometeu colocar rapidamente no terreno e com as quais quer aumentar a sua popularidade, como a reposição do tempo de serviço dos professores e a recuperação do processo de aprendizagem dos alunos. Terá um superministério que inclui o ensino superior.
Ministra da Administração Interna – Margarida Blasco
Juíza de carreira, da qual já está jubilada, exerceu ao longo da vida várias funções de extrema importância e de forte cariz político e de soberania. Foi a primeira mulher a liderar, primeiro, o Serviço de Informação e Segurança, e, depois, a Inspeção-Geral da Administração Interna. Pelas mãos desta magistrada passaram os casos do bairro da Jamaica e a esquadra de Alfragide. Em 2014 chegou a ser falada para suceder a Miguel Macedo para a pasta que agora assume. Tem em mãos, assim que assumir funções, apaziguar um sector que está em ebulição e protesto e negociar com a GNR e a PSP o suplemento de missão que reivindicam há meses e que Montenegro prometeu analisar. É uma das sete mulheres que compõem o governo AD e é conhecida por ser uma líder de mão de ferro.
Ministro da Economia – Pedro Reis
Embora grande parte da sua vida profissional tenha passado pela área económica e da banca, a política não é estranha a Pedro Reis, tendo estado ligado a alguns líderes do PSD. Nos últimos anos, pela mão de Luís Montenegro, foi chamado para presidir ao Movimento Acreditar, uma espécie de think tank do partido. Licenciado em Gestão e Administração de Empresas pela Universidade Católica, foi presidente da AICEP entre 2011 e 2014. Chegou a candidatar-se a bastonário da Ordem dos Economistas e esteve ainda ligado a várias entidades nas áreas do empreendedorismo e inovação. Terá agora uma das pastas mais importantes, a julgar pelo discurso de Luís Montenegro: a da Economia. O primeiro-ministro prometeu pôr a economia a crescer cerca de 3%, número acima daquele que o PS apresentou durante a campanha.
Ministra da Cultura – Dalila Rodrigues
É uma das novidades do governo apresentado por Luís Montenegro, uma independente, uma das sete mulheres e dos poucos membros a quem a política é alheia. Fez quase toda a sua vida profissional no mundo cultural. Dalila Rodrigues é historiadora de arte e professora no ensino superior, é diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém desde maio de 2019 e dirigiu diversas instituições nacionais culturais, como o Museu Nacional Grão Vasco e o Museu Nacional de Arte Antiga. Foi ainda administradora do Centro Cultural de Belém.