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O candidato do Livre às eleições europeias, Francisco Paupério, considera que as instituições da União Europeia têm de ser reestruturadas, para se tornarem mais democráticas e para que se possa acomodar um alargamento.

“Se queremos uma União Europeia a 30+ [com mais de 30 estados-membros], temos de mudar regras e tratados. Estes cinco anos vão ser decisivos”, diz.

Advoga, também, a necessidade de políticas comuns, não só na defesa, mas também a política externa e, ainda, a política fiscal. “São passos que temos de dar. Se quisermos trazer ainda mais países, temos de ter a capacidade de agir enquanto uma democracia europeia e não apenas enquanto um conjunto de países que quer tratados comuns ou acordos comuns”, diz.

Na imigração, defende que se faça um plano e que se promova uma política “não só de migração, uma política de entrada na União Europeia, mas que tem de ser acompanhada por políticas de integração dentro dos estados-membros”.

Em Discurso Direto, ao NOVO e ao Jornal Económico, Francisco Paupério afirma que a Europa enfrenta uma prioridade de curto prazo, a guerra provocada pela invasão russa da Ucrânia, mas depois um outro desafio imediato, a transição energética, em que está a perder a corrida para a China e os Estados Unidos.

“Nós consideramos que é possível ter políticas integradas que consigam combater a questão da segurança e a questão do clima”, diz.

O Livre quer que o Parlamento Europeu tenha maior poder e capacidade de iniciativa e, no grupo parlamentar a que pertence, dos Verdes, vai propor a Carta Europeia do Trabalho Justo, “que não se torna vinculativa do ponto de vista legal de trabalho, porque isso é da competência dos estados-membros, mas torna-se uma espécie de guia de boas práticas em relação ao que deve ser o trabalho justo, no qual incluímos o salário mínimo europeu, as 35 horas semanais e os 30 dias de férias anuais”.

Vai propor, também, que se crie a posição de comissário dos Oceanos e uma Comissão dos Oceanos no Parlamento Europeu, para integrar políticas das pescas, transporte marítimo, a capacidade tecnológica e a biotecnologia azul, entre outras. “E que seja português, é essa a nossa proposta. Queremos que Portugal assuma aqui a sua viragem para o mar”, declara.

Vê com preocupação a aproximação da direita democrática à extrema-direita no Parlamento Europeu e a secundarização do pilar ambiental no discurso da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Infelizmente, voltou atrás na sua palavra, coloca agora uma possível aliança com os conservadores, pessoas que estão contra todas as regras ambientais e de transição energética”, aponta.

Paupério diz que as eleições europeias não deviam ter uma leitura nacional, apesar de ser inevitável que aconteça. “Claro que vão ser tiradas ilações”, sublinha, mas considera que não faz sentido ter consequências no Governo.

Diz, também, que estas são eleições vistas como menores, mas deviam ser essenciais. “Temos muito o discurso cá em Portugal de que são eleições de segundo plano, mas depois vamos ver e mais de 70% das leis nacionais são feitas no Parlamento Europeu. Portanto, se calhar temos aqui inverter um pouco esse esse discurso e ver o estas eleições europeias, com a importância que têm”, refere.

O objetivo paras estas europeias é eleger, pelo menos, um deputado, mas ambicionam chegar aos dois, suportado pelo crescimento do partido, que quadruplicou a presença na Assembleia da República, conquistando quatro mandatos.