A ascensão do populismo é um dos grandes desafios que a União Europeia enfrentará no próximo mandato, afirma o cabeça de lista do PAN às eleições para o Parlamento Europeu, Pedro Fidalgo Marques, que o coloca como prioridade, a par da transição climática e da guerra na Europa.
Em Discurso Direto, ao NOVO e ao Jornal Económico, alerta para a ascensão de “forças populistas, negacionistas climáticas, que querem reverter direitos sociais, direitos das mulheres, direitos LGBT”.
“Não podemos ceder nem um milímetro nos direitos humanos, não podemos ter retrocessos em termos de liberdades e garantias na União Europeia. Esse é um ponto bem assente neste próximo mandato”, afirma.
Considera que o alargamento da União Europeia a leste é uma oportunidade. “Claramente, isto não deve ser visto como um problema, deve ser visto como uma oportunidade, uma oportunidade de paz e de termos uma União Europeia mais forte”, diz, mas alerta para a necessidade de serem cumpridos todos os requisitos que garantem o alinhamento dos países candidatos à entrada com os valores da União Europeia e para minimizar os riscos de acontecer o que já acontece, haver no interior da União Europeia “estados-membros que põem em causa o estado de direito”.
Por isso, Pedro Fidalgo Marques defende também um aprofundamento da experiência europeia, com um aprofundamento dos mecanismos internos da União Europeia, para que esta não fique refém de estados com derivas populistas, por exemplo.
Acrescenta que as instituições europeias têm de ser aprofundadas, devido às tensões geopolíticas e à incerteza. “Não sabemos o que é que vai ser o futuro Estados Unidos. No final deste ano podem ter uma reviravolta, voltar a eleger Donald Trump”, diz.
Depois, é necessário discutir um caminho mais federalista. “É uma questão que não tem estado em cima da mesa e tem de estar”, afirma.
Por cima de tudo isto, a preocupação primeira do PAN é a transição verde, em que Fidalgo Marques defende que a Europa deve liderar pelo exemplo. E, sendo eleito, integrará o grupo dos Verdes, com propostas concretas, nomeadamente a antecipação da neutralidade carbónica de 2050, pelo menos, para 2040.
“Só quem acredita que o mundo é plano ainda acha que não há alterações climáticas”, sublinha.
Falta diálogo ao Governo
Pedro Fidalgo Marques lamenta que o diferendo entre Francisco Guerreiro e a anterior “direção [do PAN], de André Silva”, tenha levado ao caminho que levou, que foi a passagem de Guerreiro a eurodeputado independente.
“Eu estarei fortemente comprometido com o partido”, garante.
Questionado, refere-se à malograda conjugação de esforços com outros partidos, como o Livre e o Volt, para as eleições. “Não fomos nós que tiramos a coligação à partida de cima da mesa, onde nem sequer chegou a ser discutida”, diz.
Refere-se, ainda, à política nacional, para dizer que é preocupante a fragmentação do quadro político e a ascensão de partidos à direita.
“Vejo com alguma preocupação, até porque assistimos alguns retrocessos a nível ambiental”, diz, e critica o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, por ter dito que “há um radicalismo verde que impede que se atinjam os objectivos climáticos”.
“Este governo tem de perceber que não tem maioria absoluta e por isso tem que dialogar, o que não tem feito”, conclui.