Duas gémeas obtiveram a nacionalidade portuguesa com uma rapidez inaudita, beneficiaram da marcação de uma consulta no Hospital de Santa Maria em tempo recorde, e conseguiram uma autorização aprovada em apenas dois dias para receberem dos medicamentos mais caros do mundo, mesmo contra a opinião dos médicos do hospital, e cadeiras novíssimas para apoio.

Todos sabemos que este não é um processo normal, que nada se passa assim, mesmo que as aturadas investigações do Ministério Público, da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, da Ordem dos Médicos e do Hospital de Santa Maria concluam que se cumpriram todas as regras e que, inexplicavelmente, este foi apenas um caso de exemplar celeridade.

É difícil aceitar que Marcelo Rebelo de Sousa considere que o facto de uma sua assessora ligar para uma instituição pública devido a um caso específico ou o reenvio para o Ministério da Saúde, pela Presidência do Conselho de Ministros, de mails da Presidência da República, são atos sem importância, meramente informativos, que em nada influem num processo. Não é verdade. É óbvio que a simples demonstração de interesse condiciona, mais ainda tendo em conta quem são os intervenientes neste caso e que vivemos no país onde o respeitinho é muito bonito.