O líder da AD, Luís Montenegro, declarou a vitória da coligação nas eleições legislativas deste domingo e disse esperar que o Presidente da República o “indigite para formar governo”, para aplicar o seu programa eleitoral.

Numa declaração ao país no final da noite eleitoral, quando a AD tinha escassos deputados a mais que o PS, mas com Pedro Nuno Santos a assumir a derrota, embora ainda faltem contar os votos das comunidades, Luís Montenegro disse que vai dizer a Marcelo que estará disponível para formar governo. “Não viramos as costas”, disse o líder da AD, apelando aos restantes partidos com assento parlamentar que assumam cada um a sua responsabilidade, num implícito recado ao Chega, que tem condicionado o apoio do partido a negociações ou alianças de governo com André Ventura. Mas Luís Montenegro disse já “não é não” ao Chega, que nas eleições de domingo teve uma “vitória histórica”, subindo para 46 deputados até ao momento, elegendo em todos os distritos, exceto Bragança. E na declaração na madrugada de segunda-feira voltou a dizer aos jornalistas que manterá a sua palavra, isto é, dirá não a alianças ou pactos com o Chega.

“É incontornável que e AD ganhou as eleições e o PS perdeu”, disse o líder da AD, garantindo: “Vai haver um novo primeiro-ministro, um novo governo, uma nova política”, porque o país quis “uma mudança”.

Apesar da vitória à tangente, Luís Montenegro disse que tem de privilegiar “o diálogo e a conciliação” com os restantes partidos, até porque vai precisar de outros partidos para fazer aprovar diplomas no parlamento, como o Orçamento do Estado. O PS já disse que deixará passar o governo da AD e que não aprovará qualquer moção de rejeição, mas que não aprovará o Orçamento apresentado pela AD porque o projeto do PS “não é compatível” com o da coligação — pelo que a AD poderá ficar dependente do Chega, que mantém a pressão sobre a AD.

Montenegro adiantou que vai dizer a Marcelo que “estamos prontos para começar a governação, para mudar de governos e de políticas”, e pediu “responsabilidade” ao PS, que “teve muito menos votos e mandatos”.

“A minha expectativa é que estejamos todos à altura de servir o país”, disse Montenegro, que pediu ao PS que respeite o que os portugueses decidiram e que não forme uma “aliança negativa” com o Chega — ou seja, que não derrubem o governo. “Deixem a AD executar o seu programa”, pediu.

Luís Montenegro disse ainda que a AD recuperou 200 mil votos e mais mandatos do que em 2022 e enumerou, uma a uma, as promessas para o país, focando-se na “dignidade dos pensionistas”, no apoio aos jovens, na descida da carga fiscal, no plano de emergência para o SNS e nas negociações com a PSP e a GNR.