O número de casos de cancro entre os mais jovens está a aumentar, sobretudo os linfomas e os cancros da mama e do testículo. A notícia é avançada pelo Diário de Notícias e tem por base estudos internacionais e declarações de especialistas portugueses, que dizem que estes números não podem ser ignorados. Faltam, porém, dados em Portugal sobre as incidências de cancros nas faixas etárias mais jovens. O Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, por exemplo, está a reunir os seus próprios dados.

Um estudo feito em Málaga, Espanha, com cerca de 30 mil pacientes, concluiu que existe um aumento da incidência de cancro na população entre os 20 e os 45 anos. As neoplasias mais comuns nos doentes mais jovens, segundo a JCO Global Oncology, são o cancro da mama, o cancro do testítulo e o linfoma não-Hodgkin. Dos 29.737 pacientes selecionados pelo estudo, 29.514 tinham idade igual ou superior a 20 anos.

“Isto não pode ser ignorado”, alerta Luís Costa, diretor do Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. As sirenes soaram quando começou a ler uma série de publicações internacionais que revelavam o aumento da incidência de alguns tipos de cancro entre os mais jovens. A isso juntou-se a sua própria experiência no serviço que dirige. “Aumentámos muito o número de doentes” nos últimos anos, nomeadamente os que estão abaixo dos 40 anos, diz ao DN. O serviço começou a compilar os seus próprios dados, comparando 2019 com 2023. Os resultados deverão ser conhecidos em breve. A nível nacional, não há dados atualizados. Os últimos dados do Registo Oncológico Nacional são de 2020.

Luís Costa, em conjunto com outros oncologistas europeus, decidiu criar uma fundação “para investigar e detetar cancros em mulheres abaixo dos 40 anos”: a Breast Cancer in Young Women. “Os programas de rastreio do cancro da mama para a população em geral não incluem tipicamente mulheres com menos de 40 anos, contribuindo indiretamente para os atrasos de diagnóstico”, explica ao Diário de Notícias.

O oncologista acrescenta ainda que o cancro em pessoas muito jovens “tem de ser tratado como um assunto sério”. “Temos de perceber porque está a acontecer.”