Cortar com o passado recente do partido, nomeadamente com a era Passos Coelho, marcada por políticas de austeridade, para afastar este estigma da campanha, e ir buscar a imagem de Cavaco para centrar o partido na social-democracia e no reformismo é a estratégia desenhada pela direção de Montenegro para tentar chegar ao poder. Ou, pelo menos, parte dela. E o congresso do PSD no sábado foi o pontapé de saída.
Passos não apareceu, os passistas não discursaram (esteve presente Maria Luís Albuquerque), Montenegro colocou o partido ao centro, piscou o olho ao eleitorado socialista indeciso ou desiludido e colocou a cereja no topo do bolo: levou Cavaco Silva ao conclave para passar o sinal de que o seu governo, se ganhar a 10 de março, terá inspiração na sensibilidade social e no reformismo dos executivos do barão social-democrata, o político que continua a ter o recorde de mais anos a governar em Portugal.
A relação entre Luís Montenegro e Passos Coelho há muito que vinha a esfriar. O ex-líder do PSD esteve ao lado de Montenegro na Festa do Pontal, logo depois de este ter ganho as eleições diretas no PSD. Mas a lua-de-mel durou poucos meses.
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