O presidente do PSD, Luís Montenegro, encerrou o 41.º Congresso com um discurso programático, prometendo a descida da taxa de IRS até ao 8.º escalão e subir o rendimento mínimo dos pensionistas para os 820 euros.

O líder social-democrata diz querer colocar as pensões mais baixas ao nível do Salário Mínimo e prometeu que com um governo PSD não vai haver “o corte de um cêntimo a nenhuma pensão”.

“Queremos aumentar as pensões de acordo com a lei, mas de forma gradual vamos colocar a referência do complemento solidário para idosos anos 820 euros até 2018”, prometeu Luís Montenegro, assumindo que, “não sendo objetivos fáceis”, vão exigir “cuidado financeiro”, mas “são realizáveis”. O líder laranja garantiu que o PSD “tem as contas feitas” para poder implementar estas duas propostas e que as apresentará mais tarde. Montenegro assumiu que a decisão do governo de António Costa de aumentar o Salário Mínimo Nacional (SMN) “foi boa”, mas lamentou que os restantes salários tivessem estagnado. “Vamos fazer o esforço nos próximos anos para que o aumento das reformas e pensões tenha significado nas pensões mais baixas”, disse, falando ainda numa aposta no investimento público, nas políticas de imigração, na retenção do talento jovem em Portugal, na reforma integral do tempo de serviço dos professores e no apoio às empresas.

“Temos de unir o pais à volta das suas empresas e das instituições que criam riqueza”, prometeu, apontando como metas “simplificar, que o Estado atrapalhe menos e uma política de atração de investimento com previsibilidade”.

“Não vamos ter o Estado nos negócios”, afiançou o líder social-democrata, acusando os “cristãos-novos” de terem acordado só agora para as contas certas quando para o PSD as contas certas “não são o fim das políticas públicas, mas sim o seu pressuposto”.

Com Cavaco Silva sentado na primeira fila a assistir ao seu discurso (apareceu de surpresa), ao lado de Leonor Beleza e da ex-líder Manuela Ferreira Leite, o presidente do PSD elogiou o legado pelo ex-presidente da República e ex-primeiro-ministro histórico do PSD, afirmando que o PSD por si liderado “vai estar à altura” do legado deixado por Cavaco e que os seus governos serão “uma inspiração” para o atual PSD e para o executivo que acredita vir a criar.

Montenegro voltou a lembrar que “é a terceira vez que o PS” deixa Portugal “num pântano”, acusando o PS de querer “aparecer como vítima” quando “as vítimas são os portugueses”.

“O primeiro-ministro demissionário e os dois aspirantes ao seu lugar querem aparecer como vítimas. A culpa há-de ser da direita de Passos ou de vez e quando de Cavaco ou até dos anos 80 e do 25 de Novembro. Mas o 25 de Novembro que conta é o de 2023”, atirou o líder social-democrata, que já antes tinha feito uma comparação com o 25 de Novembro de 1975, quando um grupo de militares moderados evitou a instauração de um regime extremista e acabou com o PREC. Na intervenção inicial, Montenegro disse que este PS representava esse extremismo e que Pedro Nuno Santos era “radical” e uma nova versão do “gonçalvismo”.

“Estas três personalidades foram do núcleo-duro disto tudo (do pântano) nos últimos oito anos e são todos farinha do mesmo saco”, acusou Luís Montenegro, dizendo acreditar que o PSD “vai ganhar” as eleições de 10 de março “pelo que vai fazer e não pelo que os outros não fizeram”.

“Serei o primeiro-ministro que Portugal precisa nos próximos anos”, prometeu, afirmando que o PSD é a “única alternativa que conta” porque “não se limita ao protesto, é abrangente, moderada e agregadora porque recebe independentes”. O líder do PSD disse saber que a tarefa que tem pela frente “é gigante” e fez uma espécie de mea culpa: “Também sei que as pessoas esperam mais de mim do que fui capaz de mostrar até agora Quero dizer olhos nos olhos que tenho noção disso, mas estou aqui para fazer isso”. Um momento alto do congresso em que os delegados se levantarem em peso para aplaudir o líder.

Mas Montenegro continuou no registo: “Tenho ouvido o que mais posso para decidir bem. E eu ouço mesmo as pessoas. Uns, dizem para ser mais acutilante, enérgico e o líder parlamentar de que têm memória. Outros, que tenho de ter mais contenção. Compreendo todos e respeito. Mas eu vou ser o que sempre fui. Sempre fui combativo mas sensato, firme mas moderado, mas tento sempre ser o mais justo possível, honesto e humano”.