A cabeça de lista do ADN às eleições europeias, Joana Amaral Dias, criticou hoje o apoio de Portugal à Ucrânia, no dia em que é esperada a visita do presidente daquele país Volodymyr Zelensky.

“Não é continuar a drenar recursos para a Ucrânia (…) a sangrar os cofres dos portugueses e os bolsos dos portugueses, que vão retirar dinheiro aos nossos hospitais, às nossas escolas, aos nossos pescadores e aos nossos agricultores, não é isso que vai trazer a paz”, disse a candidata do ADN.

Joana Amaral Dias falava aos jornalistas, no Cais dos Pescadores na Costa Nova do Prado, em Ílhavo, no distrito de Aveiro, após ter estado algumas horas a bordo de um barco de pesca na ria de Aveiro.

A cabeça de lista do ADN referiu que a paz na Ucrânia só pode ser conseguida através de diálogo e negociação.

“Eu não quero que os nossos filhos voltem em caixões para casa e Luís Montenegro era isso que devia pugnar em vez de andar na engorda do lóbi armamentista”, afirmou.

A candidata aproveitou ainda para negar que o partido pelo qual concorre nestas eleições possa ter sido confundido com a AD (Aliança Democrática) nas legislativas, considerando que essa teoria foi usada por Luís Montenegro para justificar “o péssimo resultado” que obteve.

“Ninguém confunde AD com ADN, porque então também confundiam PS com PSD. Nas eleições na Madeira também não havia AD e no entanto o ADN teve um resultado histórico. Aí está a prova dos nove de como efetivamente não houve engano nenhum”, afirmou.

Joana Amaral Dias criticou ainda a forma com são distribuídos os fundos europeus em Portugal, propondo uma “reestruturação quase total”.

“Os fundos europeus não podem continuar a vir a rodos para pessoas viverem no Sheraton, no Porto, ou para fazer eventos de moda, que liminarmente talvez apoiarão o setor do têxtil, mas que não vão para aquilo que nós realmente precisamos, para a reindustrialização do país, para a educação e para a pesca”, referiu.

Disse ainda que é preciso “resgatar uma parte da soberania e independência de Portugal”, defendendo que o país tem de ter o direito de rejeitar diretivas que sejam contrárias aos interesses nacionais.

“90% do nosso dia-a-dia, daquilo que nós comemos, da maneira como nós educamos os nossos filhos vem de Bruxelas, mas não pode ser contrário aos interesses nacionais. Quando é adverso a esses interesses, temos que ter o direito de efetivamente rejeitá-los”, defendeu.

Relativamente ao resultado nas europeias, Joana Amaral Dias disse que espera ser eleita para o Parlamento Europeu, afirmando estar convencida de que se atualmente consegue incomodar tanta gente, sem partido e sem cargo, uma vez eleita, conseguirá “incomodar ainda muito mais e fazer a mudança por todos os trabalhadores portugueses”.

A cabeça de lista do ADN, que acompanhou os pescadores da Costa Nova na faina, mostrou-se contente com a experiência e disse que esta iniciativa serviu para confirmar algumas das principais preocupações e denuncias que o partido tem feito, de que os pescadores que “precisavam de ser apoiadas não estão a receber apoios”.

Ao fim de algumas horas de faina, os pescadores regressaram ao cais com cerca de meia dúzia de quilos de choco, um dia bom para quem vive daquilo que o mar ou a ria dá, como contou o mestre Mário Rocha: “Isto é relativo. A gente larga as redes para a água e tanto pode vir como pode não vir”.

“Às vezes estamos dois ou três meses sem ir ao mar ou ao rio e não recebemos nada. Eu tenho de saber ganhar hoje, para comer amanhã ou além”, concluiu, este pescador, de 43 anos.