O número de mortes causadas por overdose (consumo excessivo de drogas) aumentou entre a população mais jovem e entre as mulheres. Em 2022, segundo um relatório do Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD) citado pelo Jornal de Notícias, em 2022, uma em cada três mortes foi de menores de 35 anos (32%). Em 2021, a percentagem de overdoses entre os jovens era de 16%. Destaca-se ainda a crescente taxa de mortes por esta causa entre as mulheres: se em 2021 houve apenas quatro casos, em 2022 registaram-se 16 óbitos de mulheres por consumo excessivo de drogas.

A cocaína foi encontrada em dois terços dos óbitos e os dados sugerem que há uma “tendência de aumento da circulação de cocaínas no país” e que há “um acréscimo de consumidores de cocaína, incluindo crack“, identifica João Goulão, coordenador nacional para os comportamentos aditivos e dependências.

Em 2022, a substância foi encontrada em 46 das 69 mortes por overdose, ou seja, em 67% das mortes, o que representa “o valor mais alto desde 2009”, segundo o relatório citado pelo JN. Em 2021, a cocaína estava presente em 51% das overdoses.

O número de dependentes de cocaína que se encontram em tratamento na rede pública também aumentou cerca de 15% face ao ano anterior. Entre os novos utentes, a dependência desta droga aumentou 29%.

Segundo o ICAD, a cocaína também sobressai nos indicadores das apreensões policiais. Ouvido pelo JN, Luís Patrício, psiquiatra especialista em adições, o consumo de cocaína e crack está “descontrolado” e as entregas ao domicílio destas substâncias “tornaram-se comuns”.

Além das 69 mortes por overdose registadas em 2022, há ainda registo de 367 mortes por outras causas mas onde também foram detetados indícios de consumo de drogas. Aconteceu em mortes por causa natural (152), em acidentes de viação ou trabalho (96), em suicídios (55), homicídios (22) e mortes por causa indeterminada (42).