Começa esta sexta-feira à noite, no Pavilhão Municipal da Costa da Caparica, o congresso do Livre com três listas candidatas à direção. Até domingo, o partido liderado por Rui Tavares vai aprovar o programa eleitoral às eleições europeias e eleger os novos órgãos para os próximos dois anos, ou seja, até 2026.
Foram apresentadas três listas para o Grupo de Contacto, a direção do partido, composto por 15 membros. Rui Tavares volta a ser o número dois da lista A, encabeçada pela líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes.
A lista de Tavares aposta “na continuidade e na renovação” e, depois de eleger quatro deputados nas últimas legislativas, define como objetivo “reforçar o seu estatuto de partido médio, preparando-se em estrutura e competências dos seus quadros para, numa inevitável mudança de ciclo a nível nacional, levar as suas ideias a uma solução de governo”.
Na moção de estratégia global, a lista A não descarta a realização de eleições antecipadas e garante que o partido está “disposto a assumir as suas responsabilidades”. Ou seja, num cenário de eleições legislativas ou regionais antecipadas, o Livre quer “contribuir para uma maioria parlamentar e de governação” de esquerda, “não se furtando a fazer parte de uma coligação de governo no rigoroso cumprimento dos nossos valores”.
A lista B, liderada pela dirigente do partido Natércia Lopes, defende que “o crescimento do Livre tem de ser feito de forma sustentada”. A moção intitulada “Enraizar o Livre, Resgatar a Esperança” propõe “rever e melhorar os regulamentos” das eleições primárias, um dos temas em destaque depois da polémica nas eleições europeias, e “reforçar os mecanismos de participação e inclusão no trabalho do partido”.
Já a lista C, encabeçada por João Manso, que no último congresso integrou a lista B, mas decidiu avançar com uma candidatura própria, alerta que o partido “terá muito a perder” se vier a aproximar-se “da organização dos restantes partidos, erodindo a democracia interna e perdendo parte importante da sua singularidade”.
A moção intitulada “Por um Livre cada vez mais Livre” defende, por exemplo, que o Grupo de Contacto “deve retomar o modelo dos co-porta-vozes, um cargo rotativo, tal como plasmado nos estatutos, considerando as inclinações e motivações particulares de cada pessoa que integra o órgão”.
Habitação, regionalização e primárias entre as 25 moções temáticas
Os militantes vão também debater 25 moções temáticas que abordam questões internas, como o processo de eleições primárias abertas, mas também a crise na habitação ou a regionalização.
Uma das moções, subscrita pelo deputado Jorge Pinto, defende que o Livre “pode e deve desempenhar um papel preponderante a trazer para a agenda política” o tema da regionalização. E deve defender defenda na Assembleia da República “a realização de um referendo nacional sobre a regionalização em 2026”.
A habitação é outro dos temas abordado nas moções de caráter específico. Dar prioridade ao investimento na habitação pública e cooperativa é o objetivo do documento apresentado pelas arquitetas Ana Luísa Natário e Patrícia Robalo.
A moção propõe “negociar com os partidos políticos a implementação de políticas públicas de habitação que incentivem a reabilitação, construção e a gestão de imóveis públicos para habitação a custos acessíveis por promoção de organizações públicas”, bem como “o modo de participação do setor privado na promoção de habitação a preços acessíveis através de mecanismos fiscais atrativos”.