O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros criticou o que diz ser a falta de “vontade política” do bloco comunitário para pressionar Israel a avançar para um cessar-fogo em Gaza.

“O que mais podemos fazer? Certamente podíamos fazer mais coisas, mas não acho que haja vontade política para isso”, disse Josep Borrell, citado em comunicado, durante uma visita à província egípcia mais próxima da fronteira com a Faixa de Gaza, onde há quase um ano as forças israelitas prosseguem uma ofensiva destinada a erradicar o Hamas, em resposta ao ataque deste contra Israel.

“Estou habituado a ver este sítio através das imagens de satélite”, comentou, perto da passagem de Rafah, que faz a ligação entre o Egito e o enclave palestiniano.

O chefe da diplomacia europeia, que vai ser substituído no próximo mandato pela antiga primeira-ministra da Estónia Kaja Kallas, criticou que haja 1.400 camiões com apoio humanitário – entre equipamentos médicos, medicamentos e comida – parados ali, uma vez que Israel continua a bloquear a sua passagem.

“Isto é apenas uma gota no oceano de necessidades do outro lado”, advertiu.

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança abordou a proposta que fez na reunião informal de governantes com a pasta da diplomacia, em Bruxelas, de avançar com sanções contra elementos do Governo israelita, para pressionar ainda mais Benjamin Netanyahu.

As sanções destinavam-se, entre outros, ao ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita e que advoga por ataques contra a população palestiniana, e o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, ambos colonos extremistas.

“Ainda não é um sim, mas também não é um não”, respondeu, quando questionado por jornalistas sobre os progressos dessa proposta.

A proposta dificilmente reunirá consenso, uma vez que é necessária unanimidade dos 27 Estados-membros da União Europeia para avançar com estas sanções contra elementos do Governo israelita e alguns países como a Hungria opõem-se veementemente à mesma.

“O que está a acontecer do outro lado não é uma crise natural, não foi uma cheia. Não foi um terramoto. Não é uma daquelas crises que a natureza cria, que não podemos prevenir ou evitar. É uma crise com mão humana. Uma tragédia com mão humana”, lamentou.