De A a Z, o NOVO explica o que estará em causa nas eleições de 10 de março:

AD – Coligação formada pelo PSD, CDS e PPM para recuperar o espírito da aliança liderada em 1979 por Francisco Sá Carneiro. As duas últimas sondagens deram-na à frente do PS, mas sem maioria absoluta. Luís Montenegro é o líder da nova AD.

Bloco de Esquerda – Tem uma nova coordenadora, que se estreia numas legislativas. Mariana Mortágua pode ter um papel importante, caso o PS ganhe sem maioria absoluta e necessite de fazer alianças à esquerda.

Campanha eleitoral – Há semanas que os partidos já andam em ambiente de campanha eleitoral, mas oficialmente é este domingo que as caravanas partem para o terreno, até 8 de março. Praticamente todas vão viajar pelo país, com maior enfoque nas zonas do litoral e nos distritos com mais população. Além da AD e PS, estão no terreno o BE, a CDU, liderada por Paulo Raimundo, a IL, o Chega, o Livre e o PAN.

Demissão – Foi com o pedido de demissão de António Costa na sequência da Operação Influencer que se abriu a crise política que levou o presidente da República a antecipar as eleições legislativas para 10 de março. Mas há vários meses que o governo de maioria absoluta de António Costa vivia momentos conturbados com o que ficou conhecido de “casos e casinhos” e sucessivas exonerações de governantes (que serão uma arma da AD contra o PS nesta campanha).

Embaraços – Tem sido vários desde há meses, sobretudo no que toca à relação entre a política e a Justiça. Além da Operação Influencer, que focava nomes do PS, o líder da AD teve de lidar com suspeitas sobre a construção da sua moradia e ainda com o caso de corrupção com políticos na Madeira, que abriu uma crise política e chamuscou Miguel Albuquerque.

Financiamento – São mais de oito milhões a verba que os partidos vão gastar na campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março de 2024.

Gerigonça – É um dos “papões” acenados pelos dois maiores partidos. O PSD, que lidera a AD, tem acusado Pedro Nuno Santos de ser um radical e de querer juntar-se ao BE e PCP para reeditar a geringonça de 2015. O líder do PS devolve a suspeita e diz que a AD vai acabar por se unir ao Chega e fazer uma geringonça de direita. Sábado, o ministro socialista José Luís Carneiro até disse que existiam “negociações secretas” entre PSD e Chega, o que Ventura veio negar.

Habitação – É um dos grandes temas das legislativas de 2024. A par da crise no SNS e na educação. Todos os partidos prometem resolver a crise na habitação e arrendamento e tentar captar, assim, bem como com reformas no IRS, o eleitorado da classe média.

Indecisos – São, segundo as sondagens, entre 15 a 20%, uma percentagem que, se não optar pela abstenção, poderá decidir quem será o vencedor ou, optando pelo voto de protesto, dar mais pesos aos partidos das franjas à esquerda ou à direita. Podem decidir só mesmo na hora do voto, mas os analistas dizem que os discursos e factos que acontecerem na campanha também podem ser decisivos.

Jovens – Eleitorado para onde os dois maiores partidos tentam voltar-se, até porque é onde se encontra a maioria dos indecisos. Todos têm propostas para reter os jovens no país e dar benefícios fiscais.

Largo do Rato – Depois da demissão de António Costa, a sede do país passou a ter um novo líder: Pedro Nuno Santos ganhou a José Luís Carneiro e é o principal adversário de Luís Montenegro na corrida a primeiro-ministro. Foi ministro das Infraestruturas de Costa e acabou por se demitir na sequência de polémicas com a TAP(uma arma de arremesso que a AD não deixará de explorar).

Messias – Durante os primeiros dois anos da liderança de Luís Montenegro, continuava a ser desejado por várias fações do PSD para regressar, tomar a liderança do partido e tentar tirar o PS do poder. Pedro Passos Coelho continua a ser visto como uma espécie de messias, que poderá ser o salvador caso Montenegro perca as eleições. O seu aparecimento na campanha da AD é ainda esperado.

Negociações – A improbabilidade de uma maioria absoluta e a necessidade de os partidos terem de negociar a governabilidade ou alianças após o dia 10 de março são vistas como certas. Marcelo Rebelo de Sousa até já disse que se corre o risco de entrar num período de mini-ciclos. E o mais certo é AD ou PS vencerem, mas minoritários, e terem de negociar com outros partidos.

Orçamento – Documento que, a tomar posse um governo minoritário, terá de ser negociado com os partidos com assento parlamentar para poder ser aprovado. Nem PS, nem PSD se comprometeram já a aprovar o orçamento do outro, mas no passado já aconteceu. Pedro Nuno Santos já disse que não dirá o que faz em relação a um documento que não conhece, mas já acusou a AD de estar a propor “um rombo” nas contas públicas com o seu choque fiscal.

Protestos – O período de pré-campanha e agora o da campanha tem sido marcado por vários protestos, com enfoque para os das forças de segurança – PSP e GNR. Mas também médicos, enfermeiros, funcionários da Justiça, e professores têm marcado manifestações.

Quezília – As legislativas de 2024 ocorrem num momento muito particular em que a Justiça vive internamente uma verdadeira guerra entre Ministério Público e juízes, pelo facto de algumas das acusações feitas por procuradores estarem a cair por terra às mãos dos magistrados judiciais, como aconteceu no caso da Madeira, em que todos os detidos foram libertados após 21 dias por o juiz considerar não haver indícios. Os partidos já falam numa reforma da Justiça.

Rui Rocha – O novo líder da Iniciativa Liberal, que também se estreia em legislativas, pode vir a ter um papel importante na futura governabilidade. A IL não quis fazer um acordo pré-eleitoral com a AD, mas disse desde sempre que está disposto a sentar-se à mesa com Luís Montenegro e Nuno Melo no dia 11 de março se os seus mandatos foram necessários a uma maior estabilidade. Mas recusa qualquer aliança com o Chega.

Saúde – Será um dos principais temas da campanha. Luís Montenegro diz que, se ganhar, aplicará um plano de emergência para “salvar” o SNS nos seus primeiros 60 dias de governo.  Pedro Nuno Santos recusa gastar recursos para contratar com o privado, como quer a AD, e diz que vai usar as verbas públicas no SNS.

Tabu – Pedro Nuno Santos acusa o líder da AD de ter criado um tabu na campanha. O secretário-geral do PS já fez saber que não apresentará nem viabilizará uma moção de rejeição a um eventual governo minoritário da AD, mas Montenegro tem recusado dar a sua resposta porque diz estar a trabalhar “para ganhar” e até já disse que só governa se for o partido mais votado. O líder do PS vai explorar este tema durante toda a campanha para tentar passar a ideia de que Montenegro é “impreparado” para ser primeiro-ministro e não responde aos portugueses sobre o que pretende fazer.

Urnas – Mais de 10,8 milhões de eleitores residentes em território nacional e no estrangeiro serão chamados s votar para os 230 lugares no parlamento. O voto antecipada arranca já nesta quinta-feira.

Ventura – O líder do Chega tem sido um dos principais peões para as legislativas. O líder da AD já disse claramente “não” e “nunca” a uma aliança com o Chega, mas as sondagens continuam a dar o partido a crescer e uma maioria absoluta da direita no parlamento, mas só com o Chega. O que fará Montenegro ou o PSD? É uma das questões que mais vai ser explorada na campanha. Ventura já disse que exige ter uma palavra a dizer e até ameaçou apresentar uma moção de rejeição. Pedro Nuno Santos e o PS vai tentar colar sempre o PSD ao Chega. Mas a AD também fará o mesmo.

Xeque-mate – Pode ser o fim da liderança de Luís Montenegro no PSD caso perca as eleições. É que o presidente do partido disse que só governaria se ficasse em primeiro lugar. Mas se ficar em segundo e ainda assim a direita tiver maioria no Parlamento? Será certo que o PSD entrará em convulsão e tentará levar o partido a diretas para escolher um novo líder. Ventura até disse que se a direita tivesse maioria apresentava um governo a Marcelo Rebelo de Sousa. Pedro Nuno Santos tem pressionado Ventura a dizer com quem. Ventura não responde.

Zero – O CDS é para já o primeiro grande vencedor das legislativas. Tendo atualmente zero deputados no parlamento, conseguiu assegurar com a AD a eleição de pelo menos dois, o que representará o regresso do partido à Assembleia da República.