Pouco depois de Nuno Melo ter proclamando a vitória da Aliança Democrática, destacados dirigentes sociais-democratas faziam contas, na sede de campanha da AD, aos mandatos que ainda estavam em distribuição, numa altura em que faltava fechar a contagem dos votos em Algueirão-Mem Martins.
Havia sete deputados em disputa: dois para PS, dois para a AD e dois para o Chega. A dúvida sobre quem seria o sétimo eleito dividia-se entre Livre, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda e CDU. É na coligação entre PCP e Os Verdes que apostam.
Apesar das dúvidas, a certeza de que, qualquer que fosse o resultado, ele não alteraria a relação de forças entre socialistas e sociais-democratas. As contas que se faziam eram já à governação e eram fáceis de fazer explicar.
Com a AD a conseguir eleger 79 deputados, está colocada de parte uma coligação governamental no pós-eleições, conta ao NOVO um dirigente social-democrata. Quer isto dizer que, na cave do Epic Sana Marquês de Pombal, existe a certeza de que haverá um governo liderado por Luís Montenegro que será empossado por Marcelo Rebelo de Sousa e que enfrentará, muito provavelmente, uma moção de rejeição de um dos partidos à esquerda do PS.
No pior cenário para os sociais-democratas, o governo durará perto dos 22 dias que durou o segundo executivo de Pedro Passos Coelho.
No entanto, confiando na palavra de Pedro Nuno Santos – que repetiu, na ressaca da noite eleitoral, o que já tinha garantido no frente a frente com Luís Montenegro, isto é, que não apresentaria nem votaria a favor de uma moção de censura contra um governo minoritário da AD –, calcula-se que o governo consegue durar até setembro, período em que Marcelo Rebelo de Sousa está constitucionalmente impedido de convocar novas eleições. É nesta altura que arranca o tempo de discussão, apresentação e votação do Orçamento do Estado para 2025. Neste cenário, a AD admite conversar com todos os partidos no quadro parlamentar em cumprimento do programa com que foi eleita.
Com esta cronologia, nas contas da AD, Luís Montenegro terá até dezembro de 2024 – no limite, até janeiro do próximo ano – para mostrar trabalho e convencer Marcelo Rebelo de Sousa e, acima de tudo, os portugueses de que não será necessário ir novamente para eleições no próximo ano.