Pedro Nuno Santos recusou hoje comentar as declarações de Rita Alarcão Júdice sobre o procurador-geral da República, mas insistiu que reformar o Ministério Público é uma matéria de regime que tem de ser acordada com o PSD.
“Não vi a entrevista da senhora ministra em particular, não a queria comentar, mas há uma coisa que para mim é óbvia. O ambiente de suspeita, o clima de desconfiança face ao Ministério Público só favorece quem é verdadeiramente corrupto”, disse o secretário-geral socialista, à entrada para uma reunião do Partido Socialista Europeu, em Bruxelas.
O secretário-geral do PS falava aos jornalistas sobre a entrevista dada pela ministra da Justiça, à Rádio Observador, em que admitiu querer que o próximo procurador-geral da República “ponha ordem na casa”.
“Os políticos têm de assumir o seu trabalho. (…) O PS e o PSD têm uma obrigação ainda maior, nós representamos mais de dois terços da população no parlamento. E se há matéria em que o PS e o PSD têm a obrigação de se entenderem são as matérias de regime, o Estado de direito democrático”, defendeu.
Pedro Nuno Santos insistiu que não ouviu a entrevista da ministra, mas reconheceu que é preciso um “funcionamento saudável da justiça”.
“Isso pode implicar mudanças, desde logo mudanças legislativas, e o PS está disponível, sempre no respeito pela independência do poder judicial. Não é isso que está em causa”, completou, pedindo um “debate sério e adulto sobre o Ministério Público”.