O Pacto Climático Europeu defendeu uma crescente integração das bicicletas no sistema de transportes intermodal da Área Metropolitana de Lisboa (AML), através de maior comunicação entre as ciclovias dentro das cidades e as ciclovias dos concelhos vizinhos.
Em comunicado, o Pacto Climático Europeu (PCE) afirma que os entraves ao crescimento da mobilidade ativa na AML são “consequência da falta de investimento das câmaras em infraestruturas para a mobilidade suave”.
“Na Área Metropolitana de Lisboa quase não há infraestruturas para a bicicleta enquanto meio de transporte”, afirma António Gonçalves Pereira, embaixador em Portugal do Pacto Climático Europeu e coordenador da Ecomood Portugal.
De acordo com o responsável, a razão para uma das principais ciclovias ser à beira do Tejo, apesar de concordar com a sua localização, prende-se, “precisamente, com a visão das bicicletas enquanto meio de lazer, e não enquanto meio de deslocação preferencial para as pendulações casa-trabalho e casa-escola ou universidade”.
Desta forma, o PCE quer uma “maior comunicação entre as diferentes ciclovias dentro das cidades, com mais ligações às ciclovias dos concelhos vizinhos e mais ligações aos comboios, metro e autocarros com parques de estacionamento específicos para velocípedes”.
Segundo o PCE, apesar de a Câmara Municipal de Lisboa ter anunciado um novo investimento de 13 milhões de euros em ciclovias, o organismo, cujas atividades são coordenadas pela associação ambientalista ZERO, considera que esse investimento, “só por si, não garante a boa ligação entre os troços cicláveis nem a segurança dos ciclistas face ao automóvel”.
Além disso, refere também que o investimento não garante a “integração efetiva da bicicleta no sistema de transportes que liga os 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa”.
“Era fundamental que o plano anunciado para Lisboa contivesse uma visão intermunicipal e intermodal”, afirma António Gonçalves Pereira, adiantando que esta é uma atribuição que cabe ao Conselho Metropolitano de Lisboa.
“Só com a articulação entre os investimentos que vão ser realizados em Lisboa e os que têm de ser realizados noutros municípios poderá ser incentivada a utilização da bicicleta como meio de transporte preferencial para centenas de milhares de movimentos pendulares diários entre os concelhos onde residem os habitantes da Área Metropolitana de Lisboa”, conclui.
O Pacto Climático Europeu é uma iniciativa central do Pacto Ecológico Europeu promovida pela União Europeia, com o objetivo de mobilizar as comunidades na Europa para os investimentos, atividades e processos que sejam progressivamente menos dependentes dos combustíveis fósseis e da emissão de gases com efeito de estufa, promovendo a transição para modos de vida mais seguros e saudáveis e para uma economia sustentável.
A Câmara de Lisboa anunciou a 23 de maio um investimento de 13 milhões de euros para aumentar a rede ciclável de Lisboa em 90 quilómetros até ao final de 2025.
De acordo com o plano ciclável municipal, Lisboa passará de uma rede ciclável com os atuais 173 quilómetros para um total de 263, estando prevista a construção de mais 56 ciclovias de ligação, com o objetivo de “melhorar e ligar melhor a infraestrutura já construída na cidade”, disse, na altura da apresentação do plano, o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia.