Realizaram-se, no último domingo, na Venezuela, eleições presidenciais.
País detentor das maiores reservas de petróleo do mundo, onde residem mais de 180 mil portugueses (e só não são mais dado o gritante êxodo dos últimos anos), que perdeu mais de sete milhões de habitantes em sete anos, e, que vive num regime de partido único “chavista” há vinte e cinco anos.
À semelhança de anteriores “atos eleitorais”, no decurso deste longo consulado “bolivariano”, uma gigantesca fraude eleitoral levou a que, e após muita insistência da comunidade internacional, o ainda presidente Maduro (e sucessor dinástico do caudilho Chavez) fosse declarado vencedor por um Conselho Nacional Eleitoral totalmente controlado pelo partido no poder.
Até na aparentemente curta margem publicada (51% contra 44%) o engodo foi ardiloso, ao melhor estilo totalitário.
Curiosos são, assim, os argumentos de sempre (há mais de 100 anos) usados, o perigo do fascismo, a ameaça do “papão americano” e da extrema-direita, particularmente, estados e partidos que sustentam, ainda hoje, esta deriva ditatorial de um sórdido regime, que persegue, prende e limita os direitos dos seus opositores.
Entre a Rússia de Putin, Cuba, China ou o Irão, pontifica o triste apoio do “nosso” PCP e de outras figuras gradas à esquerda totalitária.
Num país, como o nosso, que sabe bem o que são eleições fraudulentas antes do 25 de abril de 74 (veja-se o caso do general Humberto Delgado), apenas por uma crua (e cruel) cegueira ideológica se pode legitimar um regime em tudo idêntico.
Até o Brasil, do ex-sindicalista Lula, exigiu as atas eleitorais!
São (sórdidos) exemplos como estes que legitimam o afastamento das pessoas dos partidos políticos (em particular dos tradicionais), que dinamitam o habitual espetro partidário, e que, numa infelizmente tão humana característica, recrudescem movimentos (mais ou menos) orgânicos de sinal contrário.
Os exemplos, que existem e existiram, estão à vista de todos.
Desde o nacionalismo crescente e exacerbado atual em muitos dos países do antigo “Bloco de Leste”, passando pelos golpes militares e de extrema-direita na América Latina, até aos recentes fenómenos Le Pen, Bolsonaro ou Trump.
Aqueles cujo grande ideólogo – Karl Marx – já em pleno sec. XIX sustentava que “a História se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa” parece que nada aprenderam com ela. É uma pena.