The Legendary Tigerman, alter ego de Paulo Furtado, sobe esta noite ao palco principal do Primavera Sound Porto, depois de problemas logísticos terem cancelado ontem vários concertos no palco Vodafone. O lendário homem-tigre atua no lugar de Ethel Cain.

A apresentar a digressão de Zeitgeist, o mais recente trabalho que ainda a semana passada o levou a Paris, Paulo Furtado contou ao NOVO como vai adaptando cada concerto ao sítio onde atua e falou ainda do que está a preparar para os próximos tempos.

Estás a apresentar o Zeitgest pelo país e pela Europa. Como está a correr a digressão?
Está a correr muito bem. Estou muito contente com o modo como está a correr a tour, nos auditórios e nos clubes também. Houve algumas datas em França que foram feitas em trio, outras em quinteto e isso também é uma coisa que me agrada, porque acabo por olhar para os espetáculos, para o repertório e para as canções de uma maneira um bocadinho diferente a cada noite. Hoje, por exemplo, é a primeira vez que fazemos um palco assim tão grande em trio. Também quero ver um bocadinho como é que isto funciona e como o público reage a isso.

O que tens preparado para o concerto desta noite?
Há canções que percorrem um bocadinho a minha carreira, mas o grosso do set é o último disco…

Voltando ao que disseste de teres tocado em salas e o Primavera Sound Porto é um festival ao ar livre… Qual é a grande diferença para um músico? O que costumas adaptar?
Se calhar, se tivesse tocado ontem, por exemplo, acho que tinha tocado mais músicas calmas do que aquilo que vou tocar hoje… Era outro palco e era outra hora, não é? Acho que muitas vezes tem a ver com isso. Às vezes decido mais em cima da hora o set, para tentar perceber um bocadinho o ambiente… Mas o que curto nos festivais hoje em dia é que, de facto, as pessoas não vêm cá só para só para me ver… Não é só para ver uma banda, vêm para ver uma série de bandas, portanto, a reacção do público é sempre uma coisa muito espontânea e o caminho que os espetáculos tomam é sempre, se calhar, menos previsível do que quando tocas num auditório em nome próprio, por exemplo. Isto é uma cena que, sei lá, há muitos anos, me deixava um bocado stressado e hoje em dia é uma cena que eu curto. Essa imprevisibilidade de não saber muito bem para onde é que as coisas vão.

Andaste por cá nos dois dias do festival. Que concertos viste que te tenham ficado na memória?
Ontem acabei por só ver Lana del Rey e Tropical Fuckstorm… Vi um bocadinho e pareceu-me muito fixe também. Hoje ainda não consegui ver nada, mas queria muito ver Pulp…

The National não?
Quero mais ver Pulp! [risos]

Estás a trabalhar nalguma coisa nova ou só focado na digressão?
Neste momento estou fundamentalmente focado na digressão. Tenho uma peça que vou apresentar na Gulbenkian e que é uma coisa mais na onda da exploração sonora, com leituras de vários vários actores e artistas e fotógrafos, sobre vários capítulos do Ulisses, do Beckett… E tenho algumas bandas sonoras em curso também, muito especificamente de um documentário sobre  o William Burroughs, que é uma corealização do Aaron Bruckner e do Rodrigo Areias, que é uma coprodução americana e portuguesa e que tem footage muito fixe do final dos anos 70, do Burroughs, da Patti Smith, de muita gente que me diz muita coisa e que está a ser também um processo muito fixe, encontrar a sonoridade dessa banda sonora.

Já tens data para esta peça na Gulbenkian?
É segunda feira!  É dia 10 de junho! [risos]

com Catarina Sousa