O SIPE- Sindicato Independente de Professores e Educadores é uma das plataformas que vai estar reunida esta segunda-feira com o ministro da Educação, João Costa, quando estamos a cerca de uma semana da data-limite (10 de Outubro) para a apresentação da Proposta de Orçamento do Estado para 2024.

Numa conversa com o NOVO a poucas horas da reunião com o ministro da Educação, a presidente do SIPE, Júlia Azevedo, sublinhou que vai pressionar o Ministério da Educação para que “reveja as suas posições”. As propostas do PSD para a educação foram bem acolhidas pelo SIPE, que acredita que “não é agora o momento para parar de lutar”.

Entre as propostas anunciadas por Luís Montenegro para a educação, destaque para o pagamento do tempo de serviço dos professores faseado por cinco anos.

“Vemos com bons olhos as propostas. Eles propõem em cinco anos a recuperação do tempo de serviço, nós estamos a pedir em três. O PSD propõe 20% por cada ano”, disse Júlia Azevedo. “Queremos que avance já uma proposta destas”.

A responsável do SIPE abordou ainda outra das propostas do PSD. “Também estão a propor que se possa deduzir as despesas em sede de IRS para os professores que se encontram deslocados a mais de 70 quilómetros da área de residência, esta é uma reivindicação antiga do SIPE. É um bom ponto de partida. Esperamos que se um dia chegar ao poder que cumpra, porque fartos de promessas estamos nós”, vincou.

Júlia Azevedo admite que as propostas do PSD possam também pressionar o governo a recuar na sua intransigência para aceitar as reivindicações dos professores, “embora já tenhamos visto que o governo é irredutível”.

“Como estamos a pouco mais de uma semana da apresentação da Proposta de Orçamento do Estado vamos pressionar na reunião para que o Ministério reveja as suas posições, para dizer mais uma vez que as políticas são para as pessoas. Ultimamente temos visto que há dinheiro para tudo. Há dinheiro para a Altice, para a Galp, para o BES, para a TAP. Há milhões e milhões e vemos que realmente só não há dinheiro para as classes trabalhadoras”, lamentou a líder sindical.

Sobre a reunião, o SIPE vai insistir na recuperação do tempo de serviço dos professores, que considera ser “fundamental”. Mas também na questão do período probatório, “porque os professores que já têm mais de 20 anos de tempo de serviço e vão agora fazer um estágio para ver se servem”. “Exigem imenso aos professores que já têm muitos anos de serviço. Por outro lado, estão a propor que professores com quatro anos de tempo de serviço no grupo de recrutamento, mesmo sem ser profissionalizados, façam relatório e possam ficar profissionalizados. É um contrassenso, que não tem mais nada a não ser medidas economicistas”, criticou nas declarações prestadas ao NOVO, nas quais realçou que os horários de trabalho, as ultrapassagens entre docentes e a aposentação condigna serão outros temas colocados pelo SIPE na reunião de hoje.

Manifestação em São Bento

Este sábado o SIPE organizou uma vigília de protesto contra as políticas para a educação, no Porto. A presidente do sindicato fez um balanço positivo. “A vigília correu muito bem, teve muita adesão dos professores”, referiu. “As reivindicações durante a vigília, ao longo dos discursos, incidiram sobretudo na falta de professores que o país enfrenta, que é dramático para a sociedade. Não é só para os professores, é para os alunos, para a sociedade em si”.

“Os motivos desta falta de professores, os motivos pelos quais já 12 mil abandonaram a profissão, professores a quem o Estado e nós, com os nossos impostos, pagamos para terem uma formação de qualidade e que abandonaram a profissão por falta de condições e de atratividade da carreira. Falta de professores devido à aposentação de muitos que estão a sair do sistema e falta de professores, porque ninguém quer ser candidato a professor com esta falta de atratividade. Os jovens não escolhem a carreira de professor quer pelas remunerações, quer pelo grau de dificuldade, quer pela sua instabilidade, na medida em que podem ser colocados a 300, 400 ou 500 quilómetros de casa, estas incertezas não são acompanhadas de ajudas de custo nem de alojamento, e fazem com que os jovens não adiram a esta profissão”, explicou, questionando as “medidas altamente economicistas” na educação que fazem com que “muitas vezes os professores prefiram ir para a Mercadona, se conseguirem, porque os seus ordenados são melhores e não há despesas de deslocação”.

Para esta terça-feira está marcada uma manifestação do SIPE em frente à residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, em São Bento. “Pedimos uma reunião, uma audiência com o primeiro-ministro. Já tivemos resposta que por falta de agenda não é possível”, revelou Júlia Azevedo. “Até nos vamos disponibilizar para ter a audiência noutro dia, noutra hora, em qualquer sítio. Até vamos ao encontro do primeiro-ministro para não perder tempo à nossa espera”, prosseguiu.

“No fundo a manifestação é para, uma semana antes da apresentação da Proposta de Orçamento do Estado para 2024, alertarmos o primeiro-ministro que aqui estamos, a exigir aquilo a que temos direito, que já é mais do que a altura de olhar para os professores e educadores e atender às suas reivindicações de modo a tornar o país melhor”, destacou a responsável do SIPE.