Tal como a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), também o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) exige a retoma “imediata” das negociações com o Ministério da Saúde, interrompidas esta semana na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa. Estrutura sindical anuncia também que, enquanto o atual governo continuar em funções , manterá a greve ao trabalho extraordinário nos Cuidados de Saúde Primários.

O sindicato liderado por Jorge Roque da Cunha argumenta, numa nota publicada na manhã desta sexta-feira, que o governo se mantém em “plenas funções”, não havendo, por isso, “qualquer justificação, nem formal, nem financeira, e muito menos ética, que impeça as negociações com os médicos”. “Antes, ela é imperativa e urgente”, frisa a estrutura sindical, expressando “determinação na procura de soluções em prol da saúde dos portugueses, apesar da atual conjuntura política”.

Roque da Cunha cita uma das razões invocadas pelo Presidente da República que o levaram a optar pela dissolução da Assembleia da República depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) – a “garantia da indispensável estabilidade económica e social” – para defender que “não há nenhum problema social mais premente que a crise e instabilidade que existe hoje no SNS”. Para o secretário-geral do SIM, este executivo “tem de assumir as suas obrigações e resolver os problemas que existem, não pode ignorá-los e empurrá-los para um outro governo”.

A terminar, a estrutura sindical “enfatiza o papel vital que os médicos desempenham na saúde em Portugal” e “apela ao governo que reconsidere a sua decisão de cancelar a última reunião”. “Não o fazer é deixar a população sem respostas. Não o fazer é insistir na degradação do SNS. Não o fazer é comprometer o futuro. É necessário um acordo sério. Não o atingir é virar as costas à responsabilidade”, conclui.

O braço-de-ferro entre médicos e sindicatos prolonga-se há já mais de 18 meses. Nas últimas reuniões, SIM e Fnam apresentaram uma proposta conjunta com três reivindicações: as 35 horas; a redução do horário de urgência de 15 para 12 horas e aumentos salariais de 30% para todos os médicos. É precisamente esta última exigência que está a travar o acordo. Na última ronda negocial, Manuel Pizarro, que inicialmente propôs um aumento de 5,5%, trouxe para cima da mesa uma subida de 8,5%, proposta recusada pelos sindicatos. A reunião prevista para quarta-feira foi cancelada pelo Ministério da Saúde na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa.

O NOVO questionou o Ministério da Saúde sobre a retoma das negociações, não havendo, para já, qualquer informação sobre essa possibilidade.