A PSP está a realizar várias buscas esta manhã relacionadas com os negócios do lítio, em Montalegre, avança o Público.

A residência oficial de António Costa foi um dos alvos das buscas. O chefe de gabinete do primeiro-ministro foi detido, assim como Diogo Lacerda Machado, consultor próximo de Costa, Nuno Mascarenhas, presidente da câmara de Sines, e dois executivos de empresas não identificadas.

As buscas da PSP também incluem os ministérios do Ambiente e das Infraestruturas. O Público avança que Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, João Galamba, ministro das Infraestruturas, e João Pedro Matos Fernandes, antigo ministro do Ambiente, deverão ser constituídos arguidos.

As buscas na residência oficial de António Costa abrangem outro gabinete além do de Vítor Escária.

Galamba e Matos Fernandes investigados

João Galamba e João Pedro Matos Fernandes estão a ser investigados por causa dos contratos feitos para a exploração de lítio em Montalegre e do megaprojeto do hidrogénio verde, em Sines, confirmou a Procuradoria-Geral da República, em janeiro deste ano.

“Nunca fui ouvido sobre esse processo absurdo, exactamente porque é absurdo e vazio”, explicou João Galamba, na altura, em declarações ao Público.

Em causa estão suspeitas de tráfico de influências e corrupção por alegado favorecimento ao consórcio composto pela EDP, Galp e REN e aos responsáveis pela expolração do lítio e do hidrogénio. Recorde-se que João Galamba era, à altura destes contratos, secretário de Estado do Ambiente, antes de ter transitado para o Ministério das Infraestruturas.

O governo assinou com a Lusorecursos Portugal Lithium, em março de 2019, um contrato de concessão para a exploração de lítio em Montalegre. A empresa foi constituída três dias antes da assinatura do contrato, que vincula o Estado durante 20 anos. Na altura, a Associação Montalegre com Vida interpôs uma ação administrativa para anular a concessão.

António Costa apanhado em escutas

Em janeiro de 2021, o Expresso escrevia que António Costa tinha sido apanhado em quatro escutas, uma delas considerada suspeita.

De acordo com o semanário, o primeiro-ministro terá ligado a João Pedro Matos Fernandes, na altura titular da pasta do Ambiente, para falar sobre o negócio do lítio e do hidrogénio verde, que poderia atrair para Portugal fundos europeus e avultados investimentos.

Costa e Matos Fernandes terão discutido as negociações que na altura decorriam para definir a futura localização de uma refinaria de lítio, eventuais interessados no negócio e a possibilidade de fazer uma parceria com Espanha.

Na altura, Matos Fernandes estava sob escuta, por decisão do procurador do Ministério Público titular da investigação. Também João Galamba, então secretário de Estado do Ambiente, esteve sob escuta. Pedro Siza Vieira, na altura ministro da Economia, também foi apanhado acidentalmente nas escutas.