Paulo Cafôfo, líder do PS Madeira, desafiou este sábado o Presidente da República a anunciar “de imediato” que vai convocar eleições antecipadas na Região Autónoma da Madeira, na sequência da demissão do presidente do governo regional Miguel Albuquerque, constituído arguido devido a suspeitas de corrupção.

“Face a esta demissão, e o facto de um governo inteiro estar sob suspeita, a melhor forma de resolvermos esta situação é eleições antecipadas. Daí o desafio que lancei ao Presidente da República”, declarou o socialista, em declarações aos jornalistas no Funchal. “O sr. Presidente é alguém que gosta da Madeira, que acompanha a Madeira, e com certeza tomará a melhor decisão”, acrescentou, lembrando o caso nacional e a decisão de Marcelo, tomada dia 9 de dezembro, de convocar eleições antecipadas e dissolver a Assembleia da República.

“Por isso fiz o apelo ao Presidente da República, para que não espere mais, que anuncie de imediato que irá convocar eleições, dissolvendo a assembleia regional, quando, obviamente, os prazos constitucionais assim o permitirem”, reforçou, justificando que essa é a “única forma de devolver a confiança dos madeirenses nas instituições democráticas”.

Questionado sobre a importância de aprovar orçamento regional (cuja aprovação está calendarizada para os primeiros dias de fevereiro) e de isso poder justificar um compasso de espera da parte de Marcelo, Cafôfo respondeu: “Obviamente que é importante, mas o orçamento da região não pode impedir que haja eleições antecipadas.”

O antigo presidente da Câmara Municipal do Funchal recordou que já houve situações no passado em que se governou em duodécimos e, para o PS, obviamente sendo um instrumento muito importante, o orçamento não pode impedir que a democracia funcione”, reiterou o dirigente e governante socialista, deixando claro que a prioridade é “acautelar a democracia” e “acautelar que a confiança possa ser restabelecida”. No entender do PS Madeira, a crise política desencadeada pela investigação que levou à detenção de Pedro Calado, atual presidente da Câmara do Funchal, e de dois empresários, não se resolve apenas com a substituição de Miguel Albuquerque, solução que está a ser estudada pelo PSD Madeira, mas sim com a substituição de todo o governo regional.

“Há factos gravíssimos que recaem não só sob Miguel Albuquerque, constituído arguido. Esta é uma megaoperação onde os agentes da polícia foram a 60 locais, 45 na Madeira, diversos departamentos do governo. Portanto, não estamos a falar só de uma pessoa, mas sim de um governo inteiro. Estas suspeitas não podem ser validadas pela substituição de um líder do governo por outro”, defendeu, admitindo, contudo, a possibilidade de existir “uma pessoa idónea” que lidere um governo de gestão até à realização de eleições.

Nestas declarações, Paulo Cafôfo rejeitou ainda qualquer comparação entre as suspeitas que recaíram sobre si num passado recente, relacionadas com ajustes diretos, assinalando não ter sobre si qualquer suspeição e que não é arguido em nenhum processo. “Estamos aqui a dar a cara, não tenho medo de eleições. Quem tem medo de eleições, provavelmente, é o próprio PSD, porque quer substituir o líder para prolongar este governo, e não quer que haja eleições antecipadas”, declarou ainda o socialista, acusando o partido que governa a Madeira há cinco décadas de ter tornado a região “podre” ao nível da promiscuidade entre governantes e “quem zela por fins privados”.