O tom já começa a subir no primeiro dia da campanha eleitoral oficial. PS e AD têm passado a manhã e o início da tarde deste domingo em troca de farpas e de acusações. A guerrilha política e partidária já está no terrenos e os discursos começam a tornar-se mais elevados e duros. Tudo para conquistar eleitorado e ver quem consegue, dia 10 de março, vencer as eleições.

Coube ao primeiro vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, responder à provocação lançada sábado pelo ainda ministro José Luís Carneiro de que AD e Chega teriam “negociações escondidas”. Paulo Rangel acusou Carneiro, “que foi um mau ministro”, de estar a criar “boatos” e “mentiras”. O vice-presidente social-democrata, que falava num almoço-comício no Maia, considerou que o PS mostra estar “em desespero” e a imitar o Chega, que critica por usar notícias falsas.

“O PS neste momento em desespero já está a imitar o Chega e está a basear a sua campanha nas notícias falsas, nos boatos e nos rumores”, acusou Rangel.

Minutos antes tinha sido a vez de o secretário-geral do PS ter lançada munição pesada contra a AD, afirmando que o programa da coligação vai levar a prazo à austeridade, à semelhança do que aconteceu no governo de Pedro Passos Coelho, no qual, lembrou, Luís Montenegro era também responsável por decisões (enquanto líder parlamentar). E, de novo, o nome de Pedro Passos Coelho voltou à campanha eleitoral, com Pedro Nuno Santos a dizer que “não vale a pena” o líder do PSD “esconder Pedro Passos Coelho”, que disse ser responsável pelo período “mais negro” do país.

De acordo com o secretário-geral do PS, no dia 10 de março “os portugueses vão escolher se querem manter o Estado social ou se querem mudar para o Estado liberal”. Mais um remoque ao PSD, tentando encostá-lo o mais possível à direita.

Estando os dois maiores partidos a lutar pelo eleitorado ao centro, aquele que decide eleições, Luís Montenegro apenas deixou um recado: “é no fim que se fazem contas”. Mas no discurso que fez no mesmo comício, o líder da AD aumentou a fasquia e já falou em “grande vitória” da coligação a 10 de março. Pedro Nuno Santos avisou: a escolha de 10 de março é entre manter o estado social ou mudar para um estado liberal.

Enquanto um, Pedro Nuno Santos, está apostado em falar em estabilidade, mantendo o rumo que o país tem vindo a tomar, com reformas mas contas públicas equilibradas, a AD está apostada em mostrar que o rumo do país é o “caos” e o empobrecimento com os socialistas e que é urgente uma “mudança” e uma esperança. E cada um vai tentar colar o outro aos extremos.

Nenhum arrisca para já pedir a maioria absoluta, mas se Montenegro já disse que a mesma “é difícil, mas não impossível”, Pedro Nuno Santos disse este domingo que para o PS não existem “palavras proibidas”.

Mais tardem, pela boca do líder da AD surgia o “compromisso de honra”.  Em relação a quem? Aos pensionistas, com quem Luís Montenegro disse querer reconciliar-se. O presidente do PSD assumiu como “compromisso de honra” o aumento do valor de referência do Complemento Solidário para Idosos (CSI), mas admitiu que uma cultura de mudança não terá resultados “de um dia para o outro”.

No teatro municipal de Vila Real, com capacidade para 500 pessoas e totalmente lotado, Luís Montenegro respondeu de forma indireta ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, que tem repetido que as propostas da AD (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM) são uma aventura.

“Eu quero dizer-vos, nós somos a mudança segura. Nós não somos uma aventura e não prometemos aquilo que não podemos cumprir(…) Não vai ser de um dia para o outro, vamos ter de implementar uma cultura de mudança, de ambição, de transformação, mas alguns resultados vão demorar algum tempo a chegar à vida quotidiana das pessoas, mas vão chegar”, assegurou.