Gracinda Marina Castelo da Silva tinha 48 anos e era professora universitária no Campus local da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Toledo. Tinha nacionalidade brasileira e portuguesa e vivia há muitos anos no Brasil. De acordo com a SIC Notícias, terá família na Nazaré. Foi uma das 62 vítimas mortais do acidente com o avião que se despenhou esta sexta-feira, pelas 17h25 (hora de Lisboa), numa zona de residências no interior de São Paulo, depois de andar às voltas sobre si próprio.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que havia uma vítima portuguesa a bordo do avião. “O Ministério dos Negócios Estrangeiros já está em contacto com a família e lamenta profundamente a morte desta portuguesa, bem como das restantes vítimas, transmitindo sentidas condolências a todos os familiares”, pode ler-se na nota do ministério.
De acordo com vários órgãos de informação brasileiros, o marido da portuguesa, Nélvio José Hubner, seguia no mesmo voo e também não sobreviveu. Eram casados há 25 anos e tinham três filhos, de 11, 20 e 26 anos. O homem trabalhava na Prefeitura de Toledo desde 2011 e era atualmente procurador municipal.
Gracinda Marina Castelo da Silva era formada em Engenharia Química pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná e doutorada na mesma área pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Era também pré-candidata a vereadora em Toledo, pelo Movimento Democrático Brasileiro.
A prefeitura de Toledo emitiu uma nota de pesar pelo casal: “Neste momento em que o Brasil está de luto, o governo municipal expressa a sua solidariedade por amigos e familiares de Nélvio e Gracinda e de todos aqueles que estão sofrendo com esta tragédia.” E ainda acrescentou que Nélvio Hubner era um “servidor público exemplar”, que “iniciou a sua trajetória na Prefeitura de Toledo em 02 de maio de 2011 e actuava como Procurador Municipal”. “Casados há 25 anos, os dois deixam três filhos e centenas de colegas que os admiravam pessoal e profissionalmente”, completou a Prefeitura.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), onde Gracinda Castelo da Silva dava aulas, divulgou que morreram no acidente nove pessoas ligadas à instituição: “Neste momento de dor, a UTFPR se solidariza com os familiares e amigos das professoras Raquel e Gracinda, da egressa Hadassa e com os professores Araceli, Priscila e Fabio por suas perdas. Também demonstra seu apoio a toda a comunidade académica do Campus Toledo, onde as servidoras falecidas desempenhavam suas atividades.”
O acidente vitimou 58 passageiros e quatro tripulantes. O voo da companhia Voepass tinha saído de Cascavel, Paraná, e tinha como destino Guarulhos, em São Paulo.
O avião caiu sobre uma área residencial, mas não fez nenhuma vítima em terra. A Polícia Federal e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Força Aérea Brasileira estão a investigar as causas do acidente. Segundo a Globo, uma das hipóteses sob investigação para a queda do avião é o possível congelamento das hélices do bimotor. Quando decorreu o acidente, o céu estava nublado, chovia chuva miúda na região de Vinhedo. A carta meteorológica apontava nuvens de dois tipos, incluindo as “cumulonimbus”, que são nuvens densas, evitadas pelos pilotos. O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, garantiu que todas as manutenções do avião estavam em dia e que os pilotos eram experientes. De acordo com o site Flightradar, o avião tinha realizado outros dois voos durante a manhã antes do voo em que ocorreu o acidente.
O presidente Lula da Silva decretou três dias de luto. É o acidente aéreo com maior número de vítimas no Brasil desde a tragédia da TAM, em 2007, no Aeroporto de Congonhas, que fez 199 mortos.