O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou esta quarta-feira que as mudanças em cargos da Administração Pública “vão continuar” mas rejeitou estar em curso “uma purga” com “critérios partidários”, atirando às “resmas de demissões” no anterior executivo socialista. “As mudanças que aconteceram claro que vão continuar a acontecer: mas estava à espera que viesse dizer o contrário?”, disse Luís Montenegro, em resposta à líder parlamentar do Livre, no debate quinzenal, no parlamento.

Após críticas da deputada do Livre Isabel Mendes Lopes, que lembrou as recentes saídas da Provedora da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge, ou do anterior diretor nacional da PSP, José Barros Correia, o primeiro-ministro acrescentou que não fará “nenhuma purga” na Administração Pública com critérios partidários mas irá “fazer as mudanças necessárias para que as políticas do governo possam ser bem executadas e se possam repercutir no aumento de qualidade de vida dos portugueses e no cumprimento do programa do governo”.

O líder do executivo ironizou, dizendo que o Governo está com uma média de “uma saída por cada 10 dias”, atirando: “Vejam lá, somos de facto muito comedidos”.

Montenegro fez de seguida uma comparação com o primeiro governo liderado pelo socialista António Costa.

“Em 2016, quando o PS iniciou funções, António Costa e todos os que o acompanharam no Governo, entre os quais Pedro Nuno Santos, houve 273 demissões de dirigentes sem concurso e nomeações no prazo de três meses, no início do mandato. Houve 28 nomeações em 15 dias. E seja na Segurança Social ou a Autoridade Tributária as mudanças foram às dezenas. Eu até estava aqui a ouvi-la e estava a pensar naquela personagem: perante resmas de demissões, agora quatro demissões valem tanto como centenas?”, contrapôs.

Montenegro apontou que “com a mudança de Governo há muitos dirigentes da administração pública que tomam até a iniciativa de colocar o lugar à disposição”, algo que disse que o Governo em alguns casos não aceitou, e sublinhou que o período de transição entre executivos “não é fácil”.

Perante risos do deputado do Livre Rui Tavares, Montenegro atirou: “O senhor está a rir-se à gargalhada porque nunca teve essa responsabilidade. Mas quer ter e legitimamente. E vou-lhe dizer mais: por este andar vai ter porque o PS já não vai viver ser si nos próximos anos, essa é a minha convicção”.