O presidente executivo da Global Media, José Paulo Fafe, considera que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, “foi uma desilusão” no processo da compra da agência Lusa pelo Estado e que lhe faltou “coragem” quando o PSD deu “o dito por não dito”.

José Paulo Fafe falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na terça-feira, 9 de janeiro, numa audição no âmbito do requerimento do Bloco Esquerda (BE) sobre a situação na Global Media Group (GMG).

“Na minha opinião, vou ser muito sincero, foi uma desilusão”, afirmou o gestor, quando questionado sobre o falhanço da venda da participação da Lusa ao Estado.

Faltou “coragem” pois quando o “PSD recua no parecer” que tinha dado sobre este negócio, ou seja, “dá o dito por não dito”, o que Pedro Adão e Silva deveria ter feito – “fá-lo-ia no lugar dele” – era respeitar a primeira posição, defendeu.

Além disso, “o senhor Presidente da República ajudou muito mais que o PSD”, quando disse que tinha ficado “surpreendido com o negócio da Lusa”, para que o negócio não se concretizasse.

Fafe contou que no início de novembro, num encontro em Belém com Marcelo Rebelo de Sousa, disse ao chefe de Estado que ele tinha um interesse que considerava “excessivo” sobre o negócio da Global Media e contou-lhe que iria vender a participação que o grupo tinha na Lusa.

“Acho muito bem, o vosso negócio não é agências”, terá dito Marcelo Rebelo de Sousa, citado por José Paulo Fafe.

O ministro da Cultura é ouvido esta quarta-feira, 10 de janeiro, na comissão parlamentar no âmbito da atual situação da GMG.