O Presidente cabo-verdiano afirmou este sábado, 9 de novembro, esperar que, durante as comemorações dos 50 anos da independência do país, em 2025, se consiga oficializar o crioulo como língua, a par da portuguesa, no arquipélago.
“Esperamos consegui-lo nos 50 anos da independência: já não faz sentido não ter a língua cabo-verdiana plenamente oficializada, em paridade com a língua portuguesa, nossas duas línguas, indiscutivelmente, nosso património”, referiu José Maria Neves.
O chefe de Estado respondia numa conferência de imprensa, alusiva aos três anos de mandato presidencial, questionado sobre a sua posição quanto à oficialização do crioulo.
“Esperamos que nos 50 anos o consigamos fazer e, na hora em que os jovens saiam do liceu, falem fluentemente a língua cabo-verdiana e a língua portuguesa. É o nosso grande sonho”, acrescentou, no único momento de pergunta-resposta do encontro com jornalistas totalmente falado em crioulo.
José Maria Neves ressalvou que o processo “depende também de consenso entre os partidos políticos na casa parlamentar”.
O Presidente cabo-verdiano tem sido um defensor da oficialização da língua cabo-verdiana.
Quanto tomou posse, há três anos, José Maria Neves fez referência, no seu discurso inaugural, a uma “preocupação fundamental”: a língua cabo-verdiana.
“Vou estar na linha de frente do combate para a oficialização do nosso crioulo”, disse, levando em conta as variantes de todas as ilhas.
O crioulo cabo-verdiano é a língua materna em Cabo Verde, embora com variantes entre algumas ilhas, e nos últimos anos intensificou-se o movimento da sociedade civil a pressionar a sua elevação a língua oficial.
O artigo 9.º da Constituição da República de Cabo Verde, de 1992, define apenas o português como língua oficial, mas também prevê que o Estado deve promover “as condições para a oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua portuguesa”.
Um grupo de quase 200 personalidades cabo-verdianas lançou em 2022 uma petição também nesse sentido e pediu apoio do chefe de Estado, José Maria Neves, para a promoção da língua.
No mesmo ano, vários ativistas criaram a Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (ALMA-CV) para impulsionar uma “voz cada vez mais ativa” e uma “mudança” de política linguística no país.