Portugal já esgotou os recursos naturais para este ano
Se a humanidade consumisse como uma pessoa média portuguesa seriam precisos três planetas para sustentar as necessidades de recursos.
Portugal esgotou, este domingo, os recursos naturais disponíveis para este ano e já começou a utilizar recursos que só deveriam ser consumidos no próximo ano.
A associação ambiental Zero, em parceria com a Global Footprint Network, actualizou os dados relativos à pegada ecológica de Portugal e o dia 7 de Maio continua a ser aquele em que a pegada ecológica portuguesa excedeu os recursos disponíveis para alimentar o nosso estilo de vida.
A partir desta data, Portugal começa a usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de Janeiro de 2024.
“Se cada pessoa no planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria cerca de 2,9 planetas para sustentar as suas necessidades de recursos”, alertou a associação ambientalista.
Segundo a Zero, este desequilíbrio tem a ver com o modelo de produção e de consumo que sustenta o estilo de vida no país: “Portugal é, há já muitos anos, deficitário na sua capacidade para fornecer os recursos naturais necessários às actividades desenvolvidas (produção e consumo). O mais preocupante é que a ‘dívida ambiental’ portuguesa tem vindo a aumentar”, avisou.
Saliente-se que o consumo de alimentos (30% da pegada global do país) e a mobilidade (18%) estão entre as actividades humanas que mais contribuem para a pegada ecológica de Portugal.
Num estudo recente da Zero sobre o conceito de economia do bem-estar, a circularidade dos materiais em Portugal é de apenas 2,2%, quando a média comunitária está quase nos 13%, de acordo com o Eurostat. Já na área da alimentação, a balança alimentar portuguesa indica que os portugueses consomem cerca de três vezes a proteína animal que deviam, “mas são deficitários no consumo de legumes, frutas e leguminosas”.
No que concerne à área da mobilidade, por exemplo, apenas 9,7% do consumo final bruto de energia nos transportes provêm de fontes renováveis, “o que demonstra as lacunas que o nosso país apresenta neste domínio”, conclui a Zero.