Eram cerca das 22h00 quando ia a passar de carro em frente do MNE e a polícia pede-me para abrandar pois havia uma manifestação. Sendo curioso, reparei que se tratava de uns miúdos aos gritinhos com bandeiras e cartazes contra Israel e a favor da Palestina. Minutos depois tive vontade de sair do carro e dizer a uma das tontas que a bandeira que ela empunhava era do Egito e não da Palestina.

Dito isto, seria erro histórico não dizer que durante séculos Portugal teve um certo asco aos judeus com as famosas perseguições que começaram no reinado de D.Manuel I (século XV), embora os muçulmanos também tenham sido corridos de cá.

O nosso mini-holocausto foi o Pogrom de Lisboa no ano de 1506, onde foram assassinados cerca de 4.000 judeus (“carinhosamente” apelidado de a Matança da Páscoa). Também sabemos que foi em Belmonte que os “marranos” (aqueles que não comem carne de porco) encontraram santuário, e ainda hoje existe uma famosa e bonita Sinagoga que vale a pena visitar.

Entre trancas e barrancas, é no regime de Salazar que se atinge uma neutralidade sobre o judaísmo no pós-guerra, embora ainda houvesse quem se insurgisse contra o povo de Judá, mas por outro lado os esforços de Aristide Sousa Mendes salvaram milhares de Judeus que fugiam para a América do Sul via Portugal, com o total conhecimento do Estado Novo e até mesmo da Igreja Católica. Afinal, Cristo era o rei dos Judeus, como dizia na Santa Cruz.

Hoje a República Portuguesa é pró-Israel, não só por pertencer à NATO e pelo “Tio Sam” ser o grande defensor do Sião, excepção dos partidos mais à esquerda que são antissemitas por indicação da ex-União Soviética, mas também pelas boas ligações que unem estes dois países e suas culturas. Aliás, Portugal está a dar nacionalidade a todos os que comprovem ser descendentes de judeus sefarditas, havendo já um grande número de brasileiros que solicitaram este pedido por causa desta caracteristica.

Depois da Ucrânia, o mundo dispensava bem a crise continuada e reacendida no Médio Oriente. O Irão quer entrar na dança, e é mau para todos! Há que acautelar os próximos passos nesta escalada de violência. Há que refletir e dar espaço para a reflexão sobre possíveis consequências, bem como usar todos os trunfos que a diplomacia possa ter na manga.

Os judeus são dos povos mais perseguido na história, mas sempre tiveram foco nos negócios, no comércio e na prosperidade, e talvez por isso causem alguma celeuma entre povos mais lânguidos ou com menos talento para o business. É um dom natural.

É graças à presença dos judeus em Portugal que hoje comemos umas boas alheiras, a que o Abade de Baçal chamava “chouriço dos judeus”. Shalom Israel.