As eleições legislativas trouxeram um novo quadro político, atípico, que vai obrigar a um período de adaptação, para que cada um dos intervenientes perceba onde se situa face aos outros e ao contexto, e de aprendizagem, para que cada um deles consiga definir o que quer e o que pode fazer, que são coisas diferentes.
Os governos minoritários deviam ser a norma, principalmente quando temos nove forças políticas com representação parlamentar, mas têm sido uma exceção, porque se convencionou que só uma maioria absoluta confere estabilidade política e se tem apostado numa bipolarização que agora terminou.
Já nos esquecemos de como é isso de governar com a obrigatoriedade de se negociarem políticas e soluções, tendo em conta a diversidade saída das eleições, que vai muito além da dicotomia esquerda/direita. A geringonça poderia ser um exemplo, mas foi mais uma coligação negativa que se esgotou no propósito da reversão das medidas anteriores.
Novos líderes partidários, na sua maioria, num novo quadro parlamentar fragmentado, com uma nova relação de forças, em que a realidade se impôs ao comentário, terão de protagonizar novos exercícios de política, em que o histórico não será de grande valia.